O fluxo de
migrantes da Venezuela na fronteira com o Brasil aumentou muito depois das
eleições municipais no país vizinho, realizadas em julho. Na cidade de
Pacaraima, em Roraima, a média diária de atendimentos pela Cáritas Brasileira,
organização social que dá apoio aos migrantes, já é a maior desde maio de 2024,
quando a unidade foi instalada na região.
As eleições municipais na Venezuela deram vitória
expressiva ao partido de Nicolás Maduro. O PSUV conquistou 285 das 335
prefeituras, incluindo 23 das 24 capitais, segundo a agência internacional AFP.
Uma equipe de reportagem do portal g1 esteve na
fronteira e registrou longas fila para a regularização migratória, com novas
pessoas chegando a todo momento. Todos os recém-chegados tinham em comum a
falta de esperança em relação à política na Venezuela e a esperança de um futuro
melhor no Brasil.
A estrutura sanitária Padre Edy, da Cáritas, oferece
gratuitamente banheiros, duchas, fraldários, lavanderia e bebedouro com água
potável. A média de atendimentos a recém-chegados, que era de 150 por
dia no primeiro semestre, subiu para 350 em agosto. Isso
representa mais que o dobro de atendimentos a novos migrantes.
Considerando os migrantes novos e os que já estão no
Brasil, a Cáritas realizou 17.212 atendimentos até o dia 20, quase 6 mil a mais
que em todo o mês de julho (11.236). Foi um salto de 400 migrantes por dia para
860 por dia, em menos de um mês.
O governo brasileiro informou, por meio da Casa
Civil, que a Operação Acolhida tem protocolos específicos para “caso de
emergências de aumento relevante e súbito na entrada de migrantes e
refugiados”.
A migração venezuelana para o Brasil, iniciada
em 2015, transformou Roraima na principal porta de entrada desse fluxo,
motivado pela crise econômica, política e social na Venezuela. Desde
então, mais de 1 milhão de pessoas cruzaram a fronteira, e mais da metade
permanece no país, atraída pela política brasileira de acolhimento e
interiorização.
Ainda não foram divulgados dados oficiais da entrada
de venezuelanos em julho e agosto. Segundo o governo brasileiro, o país recebeu
96.199 venezuelanos no primeiro semestre deste ano, tendo entrado por Roraima
53% deles, o equivalente a 51.697 pessoas. O número representa um aumento de 5%
em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 92.027
migrantes.
g1
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