terça-feira, 5 de agosto de 2025

Editorial: O que está preso é o bom senso, não Bolsonaro

 


Alexandre de Moraes mandou prender Jair Bolsonaro. E sabe por quê? Porque, durante uma ligação de vídeo com o filho, senador Flávio Bolsonaro, o ex-presidente ousou dizer: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos.” Isso mesmo. Foi essa frase que, segundo Moraes, representa risco à democracia. A frase. Pelo telefone.

É o tipo de decisão que não se sustenta nem num tribunal de piadas. A prisão preventiva, segundo o Código de Processo Penal, exige ameaça concreta: fuga, coação de testemunha, destruição de provas. Nada disso existe aqui. Bolsonaro está em casa, com CPF ativo, endereço fixo e dando bom dia até para porteiro. E isso virou “conduta delituosa”?

Mas a canetada vai além do ridículo. Também usaram como “prova” um pedido de Carlos Bolsonaro para que seguidores acompanhassem Jair nas redes sociais. Seguir no Instagram virou crime? O Brasil virou Cuba digital?

A entrada com Nikolas Ferreira através do telefone em comício em São Paulo foi classificada como “ataque ao STF”,  é outro ponto de vergonha. Hoje, criticar ministro virou crime inafiançável. O Supremo virou um altar de porcelana, intocável, onde ironia vira atentado. E o povo, bem… o povo que se cale.

Agora inventaram uma nova categoria de punição: prisão domiciliar de conveniência. Artigo 317 do CPP? Ignorado. É só mais uma canetada para enfiar tornozeleira, bloquear celular e calar quem pensa diferente. Moraes virou uma espécie de síndico da República, mandando até no que o cidadão pode ou não postar.

A prisão de Bolsonaro não é sobre justiça. É sobre vingança. É sobre medo. É sobre matar o símbolo. Mas a verdade é uma só: não se prende uma ideia.

E a ideia de liberdade, gostem ou não, ainda está viva. E segue incomodando.

Blog do Gustavo Negreiros

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