terça-feira, 15 de julho de 2025

TANGARAENSE - Depressão não é tristeza passageira: Quais os sinais da doença e como agir

 


Durante séculos, sentimentos como tristeza profunda, apatia ou desespero foram tratados como caprichos da alma, falta de fé ou fraquezas de caráter. Foi só há cerca de 300 anos que a ciência passou a reconhecer a depressão como uma doença real —tão legítima quanto a hipertensão ou o diabetes. E tão perigosa quanto.

Mesmo assim, ainda há quem duvide de sua gravidade. Mas ignorar a depressão é subestimar algo capaz de gerar incapacidade, isolar pessoas e, nos casos mais severos, até matar. Por isso, é importante buscar ajuda.

O que, afinal, é a depressão?

Sentir tristeza após um rompimento, um fracasso ou a perda de alguém querido é normal —e até necessário. A depressão, no entanto, é um visitante mais cruel e insistente. Na depressão, a tristeza é um sentimento constante, que se manifesta pela maior parte do dia, quase diariamente, e por um período mínimo de duas semanas.

Ela pode até se parecer com o luto, mas não vai embora com o tempo. É como se a dor emocional, que deveria diminuir, simplesmente travasse o cérebro em um ciclo de desesperança. Como escreveu o jornalista norte-americano Andrew Solomon, em seu livro "O Demônio do Meio-Dia", o oposto da depressão não é felicidade, mas vitalidade.

Os sinais do colapso

Diferentemente do diabetes, por exemplo, a depressão não aparece em exames. O diagnóstico é feito com base nos relatos do paciente, sua história clínica e sinais observados por profissionais de saúde. E o corpo todo sente o impacto.

Eles podem variar de acordo com fatores como a gravidade e a presença de condições associadas, como ansiedade, sintomas obsessivos ou psicóticos.

Entre os comportamentais, estão:

Fadiga e baixa energia

Agitação ou lentidão motora

Isolamento social

Perda de interesse em atividades que gostava

Alterações de apetite e sono

Queda da libido

Uso abusivo de álcool ou drogas

Dificuldade de receber ou transmitir afeto

A depressão também afeta:

O humor: com tristeza persistente, apatia, choro fácil ou irritação constante.

A autoestima: com sensação de culpa, inutilidade ou vazio.

A cognição: gerando dificuldade de concentração, raciocínio lento e memória falha.

O pensamento: com pessimismo, visão distorcida da realidade, pensamentos de morte e, em casos graves, ideias suicidas.

O corpo: com dores sem causa aparente, distúrbios digestivos como gastrite e queda na imunidade.

Como tratar

O tratamento da depressão exige uma abordagem multifacetada. Cada caso é único, e a combinação ideal de terapias pode variar bastante.

1.     Medicamentos

Os antidepressivos agem sobre neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina. Há várias classes: dos mais antigos, como os tricíclicos e os IMAOs (inibidores da monoaminoxidase), aos mais modernos, como os ISRSs (inibidores seletivos da recaptação de serotonina - como fluoxetina, sertralina) e os inibidores duais, que envolvem outros neurotransmissores (venlafaxina, bupropiona).

Geralmente, levam de uma a quatro semanas para fazer efeito. E cerca de 30% das pessoas não respondem bem logo de início, o que exige ajustes com acompanhamento médico.

2. Psicoterapia

Feita por psicólogos ou psiquiatras, a psicoterapia ajuda a entender e reformular pensamentos distorcidos. A terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, é bastante eficaz em reprogramar padrões mentais negativos. Já as psicodinâmicas exploram conflitos emocionais mais profundos.

A combinação da psicoterapia e de medicamentos é a que traz melhores resultados na depressão, já que pensamentos e emoções são mediados por neurotransmissores, em última instância. Em casos mais leves de depressão, só a psicoterapia pode ser suficiente, especialmente se associada a mudanças na rotina, como um estilo de vida mais saudável.

3. Estilo de vida

Mudanças na rotina são essenciais: alimentação equilibrada, sono adequado, atividade física e evitar álcool ou drogas contribuem para a recuperação.

4. Eletroconvulsoterapia (ECT)

Apesar da má fama (por filmes e estigmas), a ECT é segura e eficaz, principalmente em casos graves ou resistentes, em que não há resposta aos medicamentos. É feita sob anestesia e com monitoramento. Os efeitos colaterais mais comuns são problemas de memória transitórios.

5. Neuromodulação

Técnicas não invasivas, como a estimulação magnética transcraniana (EMT), vêm ganhando espaço para tratar pacientes que não toleram ou não respondem a medicamentos. Existem ainda métodos experimentais, como a estimulação por corrente contínua (ETCC) e a estimulação cerebral profunda (invasiva, que funciona como um "marcapasso" no cérebro).

Existe cura?

Sim, especialmente quando o tratamento é iniciado cedo e mantido corretamente. A maioria dos pacientes melhora com medicamentos, psicoterapia ou ambos. Mas atenção: abandonar o tratamento por conta própria pode levar a recaídas, além de provocar sintomas de abstinência ou efeitos de "rebote".

O uso de antidepressivos costuma ser mantido por pelo menos um ano após o desaparecimento dos sintomas, e qualquer redução deve ser feita com supervisão médica.

Viva Bem - UOL

 

 

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