terça-feira, 1 de julho de 2025

Seca grave atinge 21% do território do RN, pior cenário desde 2022

 


A severidade da seca se intensificou no Rio Grande do Norte entre abril e maio. A condição grave voltou a ser verificada em 21% do território potiguar, segundo a última atualização do Monitor de Secas. Esta é a condição mais severa do fenômeno no estado desde janeiro de 2022. O cenário tem mobilizado o poder público em busca de soluções emergenciais e estruturantes.

O levantamento, que é feito pela Agência Nacional das Águas (ANAC), mostra que o Nordeste é a região com a situação mais preocupante do país, com 39% de sua área com registro de seca grave. Houve o avanço da seca fraca no Ceará e da grave no Maranhão, Piauí e Pernambuco.

No Rio Grande do Norte, o Oeste Potiguar registrou agravamento da seca, que passou de moderada para grave. Por outro lado, a seca fraca recuou no leste do estado, em virtude das chuvas acima da média no último mês.

De acordo com dados da Defesa Civil Nacional e do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), 27 municípios potiguares estão em situação de emergência reconhecida por causa da seca. O quadro se agrava com a irregularidade das precipitações e a baixa nos reservatórios

Segundo a Defesa Civil, todas essas cidades estão sendo atendidas pela Operação Carro-Pipa. O governo federal solicita abastecimento de modo emergencial, que é com a operação carro-pipa, onde vai haver o abastecimento da população para consumo humano da região rural.

Na semana passada, a Assembleia Legislativa debateu estratégias emergenciais para garantir a segurança hídrica e econômica da população. “Eu vivencio o interior do Rio Grande do Norte, e entre as regiões mais afetadas pela estiagem estão o Oeste e o Seridó. Com isso, resolvemos conjuntamente realizarmos essa audiência pública. Nós temos que ter um foco para água, para agricultura familiar e um foco também no Seridó, com a sua bacia leiteira”, afirmou o deputado Dr. Bernardo, que foi o propositor da audiência. Ainda segundo o parlamentar, a má distribuição de chuvas impacta também a agricultura e a produção de alimento para os animais. No Seridó, esses efeitos têm sido mais evidentes, com reservatórios operando em níveis críticos e perdas na agropecuária.

O representante da Emparn, Gilmar Bistrot, chamou atenção para a escassez hídrica. “Se excluirmos março e abril, praticamente não houve recarga nos reservatórios, principalmente no Oeste e no Central”, relatou. A deputada Isolda Dantas reforçou a necessidade de união. “É fundamental que as prefeituras se somem ao Estado para garantir que as ações cheguem às pessoas”, afirmou.

Com foco nas ações de defesa da Caatinga e de combate à desertificação, a governadora Fátima Bezerra participou na terça-feira (17), em Natal, de um seminário preparatório para a COP 30. O evento, realizado na sede do Idema, tratou da problemática da desertificação no Semiárido potiguar.

A governadora ressaltou a importância da preservação da Caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro. Ela destacou que o bioma é uma importante ferramenta para a descarbonização do planeta. Fátima também pediu celeridade na criação do Fundo de Financiamento em Defesa da Caatinga, cujo texto foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.

O superintendente do Ibama no RN, Rivaldo Fernandes, detalhou que uma região do Seridó potiguar, entre os municípios de Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Currais Novos, Equador e Parelhas, atingiu um grau elevado de desertificação.

“Queremos chamar a atenção para a questão de que o semiárido pode virar um deserto, porque nós já temos uma área aqui, no Seridó, com o nível 3. O nível 3 é o último, é quando o solo está bastante castigado”, alertou.

Entre os encaminhamentos sugeridos na audiência estão a ampliação do abastecimento por carros-pipa, instalação de poços, reajuste do Programa do Leite, isenção de ICMS da energia para pequenos produtores e a criação da Frente Parlamentar de Combate à Seca.

Ao final do seminário preparatório para a COP 30, foi proposta uma carta a ser enviada ao evento, pedindo que o semiárido nordestino seja prioridade nas discussões.

 

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