A severidade da seca se
intensificou no Rio Grande do Norte entre abril e maio. A condição grave voltou
a ser verificada em 21% do território potiguar, segundo a última atualização do
Monitor de Secas. Esta é a condição mais severa do fenômeno no estado desde
janeiro de 2022. O cenário tem mobilizado o poder público em busca de soluções
emergenciais e estruturantes.
O levantamento, que é
feito pela Agência Nacional das Águas (ANAC), mostra que o Nordeste é a região
com a situação mais preocupante do país, com 39% de sua área com registro de
seca grave. Houve o avanço da seca fraca no Ceará e da grave no Maranhão, Piauí
e Pernambuco.
No Rio Grande do Norte, o
Oeste Potiguar registrou agravamento da seca, que passou de moderada para
grave. Por outro lado, a seca fraca recuou no leste do estado, em virtude das
chuvas acima da média no último mês.
De acordo com dados da
Defesa Civil Nacional e do Ministério da Integração e do Desenvolvimento
Regional (MIDR), 27 municípios potiguares estão em situação de emergência
reconhecida por causa da seca. O quadro se agrava com a irregularidade das
precipitações e a baixa nos reservatórios
Segundo a Defesa Civil,
todas essas cidades estão sendo atendidas pela Operação Carro-Pipa. O governo
federal solicita abastecimento de modo emergencial, que é com a operação
carro-pipa, onde vai haver o abastecimento da população para consumo humano da
região rural.
Na semana passada, a
Assembleia Legislativa debateu estratégias emergenciais para garantir a
segurança hídrica e econômica da população. “Eu vivencio o interior do Rio
Grande do Norte, e entre as regiões mais afetadas pela estiagem estão o Oeste e
o Seridó. Com isso, resolvemos conjuntamente realizarmos essa audiência
pública. Nós temos que ter um foco para água, para agricultura familiar e um
foco também no Seridó, com a sua bacia leiteira”, afirmou o deputado Dr.
Bernardo, que foi o propositor da audiência. Ainda segundo o parlamentar, a má
distribuição de chuvas impacta também a agricultura e a produção de alimento
para os animais. No Seridó, esses efeitos têm sido mais evidentes, com
reservatórios operando em níveis críticos e perdas na agropecuária.
O representante da Emparn,
Gilmar Bistrot, chamou atenção para a escassez hídrica. “Se excluirmos março e
abril, praticamente não houve recarga nos reservatórios, principalmente no
Oeste e no Central”, relatou. A deputada Isolda Dantas reforçou a necessidade
de união. “É fundamental que as prefeituras se somem ao Estado para garantir
que as ações cheguem às pessoas”, afirmou.
Com foco nas ações de
defesa da Caatinga e de combate à desertificação, a governadora Fátima Bezerra
participou na terça-feira (17), em Natal, de um seminário preparatório para a
COP 30. O evento, realizado na sede do Idema, tratou da problemática da
desertificação no Semiárido potiguar.
A governadora ressaltou a
importância da preservação da Caatinga, o único bioma exclusivamente
brasileiro. Ela destacou que o bioma é uma importante ferramenta para a
descarbonização do planeta. Fátima também pediu celeridade na criação do Fundo
de Financiamento em Defesa da Caatinga, cujo texto foi aprovado na Comissão de
Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.
O superintendente do Ibama
no RN, Rivaldo Fernandes, detalhou que uma região do Seridó potiguar, entre os
municípios de Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta, Currais Novos, Equador e
Parelhas, atingiu um grau elevado de desertificação.
“Queremos chamar a atenção
para a questão de que o semiárido pode virar um deserto, porque nós já temos
uma área aqui, no Seridó, com o nível 3. O nível 3 é o último, é quando o solo
está bastante castigado”, alertou.
Entre os encaminhamentos
sugeridos na audiência estão a ampliação do abastecimento por carros-pipa,
instalação de poços, reajuste do Programa do Leite, isenção de ICMS da energia
para pequenos produtores e a criação da Frente Parlamentar de Combate à Seca.
Ao final do seminário
preparatório para a COP 30, foi proposta uma carta a ser enviada ao evento,
pedindo que o semiárido nordestino seja prioridade nas discussões.
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