Apenas 5,78% dos presos no Rio Grande do Norte
trabalham dentro ou fora do sistema prisional, segundo levantamento divulgado
pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) referente ao segundo
semestre de 2024. O índice é o segundo pior do País, ficando à frente apenas do
Rio de Janeiro (2,95%) e bem abaixo da média nacional, que atingiu o recorde de
25,4%. Em números absolutos, da população penal total em regime fechado
(7.420), somente 429 pessoas desempenham algum tipo de trabalho dentro ou fora
das prisões.
O cenário potiguar fica bem distante dos outros
estados nordestinos. O Maranhão é o campeão nacional nesse quesito, com 79,84%
da população carcerária inserida em alguma atividade laboral. Sergipe (53,83%)
e Ceará (52,78%) já ultrapassaram a meta nacional estipulada pelo Ministério da
Justiça de que metade dos presos estejam trabalhando até 2027. Outros estados
da região, como Alagoas (30,71%), Bahia (20,53%), Piauí (16,50%), Paraíba
(12,63%) e Pernambuco (12,98%), também apresentam resultados superiores.
Entre os que exercem algum tipo de trabalho, a
maioria atua dentro das próprias unidades: 394. Além deles, 35 trabalham fora.
Entre os presos trabalhadores, 214 também estudam. Quanto ao gênero, das 429
pessoas, 313 são homens (72,96%) e 116 são mulheres (27,04%), também de acordo
com os últimos dados da Senappen. O trabalho prisional é uma das formas
previstas na Lei de Execução Penal para a redução da pena, com três dias de
trabalho equivalendo a um dia de remição.
Questionada pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a
Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap) informou que o
Estado vem estruturando o sistema prisional para ampliar o número de internos
com acesso ao trabalho. Uma das ações destacadas é a criação da Comissão
Técnica de Classificação (CTC). Segundo a pasta, “a CTC consiste na identificação
da periculosidade, conduta carcerária, aptidão ao estudo e ao trabalho, além de
outros dados”.
Com a classificação dos detentos, a secretaria
afirma que foi possível alcançar “mais de 450 internos trabalhando e outros
1.325 internos em qualificação profissional numa parceria da Seap, Senai e
Ministério Público do Trabalho”. A pasta ainda destaca que a baixa escolaridade
dos detentos, o estigma social e a falta de infraestrutura são entraves
enfrentados nacionalmente, além da baixa adesão à Política Nacional de Trabalho
no Sistema Prisional (PNAT), prevista no Decreto nº 9.450/2018 e regulamentada
no RN por meio do Decreto nº 31.832/2022.
Ainda de acordo com os dados da Secretaria Nacional
de Políticas Penais, o Rio Grande do Norte possui atualmente 12.680 pessoas em
cumprimento de pena, das quais 7.437 estão em regime fechado — incluindo 7.420
no sistema penitenciário estadual e outras 17 em carceragens de órgãos como
Polícia Federal, Civil e Militar. Além disso, o estado contabiliza 5.243
pessoas em prisão domiciliar, sendo 2.582 sem monitoramento eletrônico e 2.661
com monitoramento eletrônico.
Segundo a Seap, a CTC já tem gerado resultados
concretos. “Parte dessas pessoas privadas de liberdade trabalha hoje produzindo
esquadrias de alumínio, terços religiosos, vassouras e, em breve, fará pisos
intertravados de concreto e fardamentos escolares. A SEAP também está em
tratativas com a SEEC para a reforma de carteiras escolares. Em Pau dos Ferros,
num acordo de cooperação com a Prefeitura, os internos limpam praças, ruas e
espaços públicos, além de realizar manutenção em prédios públicos”, diz trecho
da nota da Secretaria.
Além das parcerias com as prefeituras, como a de Pau
dos Ferros, o Estado mantém tratativas com Ministério Público do Trabalho, Senai,
Tribunal de Justiça e UFRN. O Estado também informou que regulamentou
recentemente dois Fundos Rotativos, que, segundo a pasta, darão maior autonomia
financeira às unidades e permitirão que elas busquem autossuficiência na gestão
dos recursos voltados ao trabalho prisional.
“Destacam-se ainda os esforços realizados
conjuntamente à Coordenação Nacional de Trabalho e Renda da Secretaria Nacional
de Políticas Penais, que resultaram na pactuação para doação de maquinários
para estruturação de oficinas de produção de artefatos de concreto, produção de
fraldas e absorventes e malharia, capazes de ampliar o percentual de
trabalhadores ativos em âmbito interno das unidades prisionais do estado, na
persecução do alcance da meta de no mínimo 30% dos privados de liberdade em
atividades laborais”, completa a Seap.
Percentual de presos trabalhando por
estado
MA – 79,84%
AC – 67,26%
RO – 69,77%
SE – 53,83%
CE – 52,78%
TO – 43,34%
MS – 34,25%
PR – 32,18%
RS – 31,37%
AL – 30,71%
SC – 30,54%
MT – 27,76%
MG – 26,98%
AM – 26,20%
PA – 26,20%
ES – 23,05%
DF – 22,98%
SP – 20,84%
GO – 20,70%
BA – 20,53%
AP – 20,40%
PI – 16,50%
RR – 14,92%
PE – 12,98%
PB – 12,63%
RN – 5,78%
RJ – 2,95%
Fonte: Senappen/Ministério da Justiça
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