O Parlamento de Portugal vota, nesta sexta-feira
(4), uma série de propostas que alteram as leis de imigração e nacionalidade no
país. As mudanças podem impactar diretamente milhares de brasileiros que
residem em território português ou planejam se mudar para lá.
De acordo com informações do jornal Diário de
Notícias, os parlamentares discutiram as propostas durante horas, sem
apresentar objeções na primeira etapa. Agora, os textos seguem para análise na
Comissão de Direitos, Liberdade e Garantias, antes de voltarem ao plenário para
votação final.
Caso aprovadas, as mudanças seguem para apreciação
presidencial. O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, terá 20 dias
para sancionar ou vetar os projetos. No caso específico da Lei da
Nacionalidade, existe a possibilidade de que o presidente solicite um parecer
do Tribunal Constitucional.
O que pode mudar na Lei da Nacionalidade
Entre os principais pontos em discussão estão:
- Aumento
do tempo mínimo de residência legal exigido para solicitar a cidadania
portuguesa;
- Exigência
de residência prolongada dos pais para que filhos nascidos em Portugal
tenham direito automático à nacionalidade;
- Perda
da cidadania portuguesa para pessoas condenadas por crimes graves, com
penas superiores a três anos de prisão efetiva.
Endurecimento da Lei dos Estrangeiros
Além da nacionalidade, o governo português também
propôs uma revisão da Lei dos Estrangeiros, com impacto direto em brasileiros e
imigrantes de países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
As medidas incluem:
- Restrição
ao reagrupamento familiar, exigindo pelo menos dois anos de residência
legal antes de solicitar a entrada de familiares (exceto quando houver
menores de idade);
- Limitação
ao visto de procura de trabalho, que será destinado apenas a profissionais
altamente qualificados;
- Proibição
da regularização a partir do território português para quem ingressar sem
visto, mesmo com base em acordos entre países da CPLP.
Nova unidade de controle migratório
Outro ponto relevante é a criação da Unidade
Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF), vinculada à Polícia de Segurança
Pública (PSP). Essa estrutura terá como função:
- Agilizar
processos de deportação de imigrantes irregulares;
- Reforçar
o controle nas fronteiras;
- Monitorar
a situação migratória de estrangeiros em território português.
Medidas ainda não têm data para entrar
em vigor
Mesmo com a votação iniciada, ainda não há previsão
para a entrada em vigor das novas regras. Até que todo o processo legislativo e
presidencial seja concluído, as leis atuais continuam valendo.
Especialistas e associações de imigrantes acompanham
com atenção o andamento das propostas, que podem dificultar o acesso à
cidadania e à regularização de brasileiros e demais estrangeiros em Portugal.
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