O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), trocaram farpas
nesta quinta (10) com o pano de fundo das sobretaxas anunciadas pelo governo
Donald Trump contra o Brasil.
“O governador [Tarcísio] errou muito, porque, ou bem
uma pessoa é candidata à Presidência, ou é candidata a vassalo, e não há espaço
no Brasil para vassalagem. Desde 1822, isso acabou”, disse Haddad nesta
quinta-feira (10) em entrevista a portais de esquerda.
Na quarta-feira (9), Tarcísio havia criticado o
governo Lula e eximido Bolsonaro ao comentar a tarifa de Trump.
“O que está se fazendo aqui? Se ajoelhar diante de
uma agressão unilateral, sem nenhum fundamento econômico, sem nenhum fundamento
político?”, questionou o ministro.
O ministro disse que o alinhamento de aliados de
Bolsonaro a Trump traz um custo caro à economia paulista. “Até a
extrema-direita vai ter que reconhecer, mais cedo ou mais tarde, que deu um
enorme tiro no pé, porque está prejudicando o principal estado do país. É o
suco de laranja de São Paulo, são os aviões produzidos pela Embraer”, disse
Haddad.
Tarcísio rebate Haddad: ‘cabe a ele falar menos e
trabalhar mais’
Ainda pela manhã desta quinta (10), Tarcísio rebateu
a fala de Haddad em entrevista a jornalistas durante a entrega de uma obra do
metrô na Brasilândia, zona norte de São Paulo. “Acho que ele tem que cuidar da
economia. O Brasil não está indo bem, o Brasil tem um problema fiscal
relevante, então acho que cabe a ele falar menos e trabalhar mais”, disse.
Tarcísio reconheceu o impacto negativo das tarifas
para a economia de São Paulo e responsabiliza o governo Lula e o Supremo
Tribunal Federal pelas ações do governo Trump.
“Há uma série de posturas que não condizem com a
nossa tradição democrática e eu espero que o Brasil sente na mesa e resolva o
problema das tarifas”, disse.
O governador, que é cotado como candidato à
Presidência em 2026 caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não consiga
reverter o impedimento à sua candidatura, disse que o Brasil tem dado
demonstrações de afastamento dos Estados Unidos, evidenciado durante a reunião
dos Brics. “Precisamos estabelecer o consenso e lembrar o seguinte: os
americanos sempre foram aliados de primeira hora do Brasil. É o maior
investidor estrangeiro direto do Brasil. Então, a gente tem muito a perder.”
Na sabatina, Haddad disse não acreditar que as
sobretaxas de 50% devem ser mantidas por muito tempo.
O ministro também abordou a polêmica em torno da
judicialização do IOF no Supremo Tribunal Federal após a derrubada do reajuste
do imposto na Câmara dos Deputados, e a dificuldade de transmitir pautas do
governo à sociedade.
“O maior antídoto contra a desinformação é a
ocupação do espaço, nos valendo de formas novas de comunicação, que nos
permitam mais proximidade, mais autenticidade, mais verdade.”
Folha de São Paulo
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