A oito dias do final do prazo para o governo dos
Estados Unidos aplicar sobretaxas de 50% sobre produtos importados do Brasil
anunciada por Donald Trump, os canais de negociação formais entre o governo
brasileiro e o americano seguem fechados. Americanos sinalizaram ao governo
Lula (PT) que as tratativas só devem caminhar a partir de uma autorização do
presidente Donald Trump para a abertura de canal oficial de diálogo.
Integrantes do Palácio do Planalto dizem ter a informação de que o caso está na
Casa Branca e sem previsão de uma resposta às iniciativas do governo
brasileiro.
Como esse diálogo é interditado nos canais formais,
integrantes do governo começam a duvidar de um desfecho a tempo hábil de
reverter a aplicação da sobretaxa em 1º de agosto. A imagem mostra um homem com
cabelo loiro e pele clara, sentado em um ambiente formal. Ele está usando um
terno escuro e uma camisa branca. Ao fundo, há uma parede decorada com detalhes
em dourado e uma mesa ou sofá claro. O homem parece estar em uma conversa ou
prestando atenção em algo.
Enquanto isso, autoridades brasileiras procuram
estabelecer contatos extraoficiais com a equipe dos seus correspondentes nos
Estados Unidos. Isso se deve justamente à dificuldade relatada por ministros de
se comunicar diretamente com seus homólogos nos EUA.
No governo brasileiro, essa resistência é atribuída
a um temor entre os americanos de serem desautorizados pelo presidente Trump.
Integrantes do órgão responsável pela área comercial dos EUA, por exemplo,
mantiveram conversas sobre tarifas com os brasileiros e foram surpreendidos
pela decisão do presidente americano de sobretaxar o país.
A decisão, como o próprio republicano deixou claro,
não se baseou em estudos econômicos, mas, sim, em uma questão política. Um
ministro brasileiro ainda cita como exemplo o caso do Secretário do Tesouro dos
EUA, Scott Bessent, desautorizado após defender o presidente do Fed (Federal
Reserve), o banco central dos EUA.
Alckmin
Em outra frente, o governo, capitaneado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin
(PSB), também tenta sensibilizar o empresariado diretamente atingido pelas
medidas para que auxiliem na procura por uma solução.
Entre aliados do presidente Lula, há um temor de que
Trump pretenda transformar o caso brasileiro em exemplar para intimidar outros
países nas negociações com os EUA.
Aliados do presidente lembram que os EUA não estão
respondendo às correspondências enviadas pelos brasileiros. O próprio Alckmin
tem repisado em suas falas que cartas foram enviadas ao governo americano desde
o dia 16 de maio e não houve nenhuma resposta.
Americanos sinalizaram que a resposta a partir de
agora não deve ser por meio de carta, mas de outra forma a ser definida. O
governo Trump tem priorizado tratativas que considera mais importantes no
momento. Nesta semana, anunciou acordos com a Indonésia e o Japão.
Desde abril, Trump tem dito que o governo está conduzindo negociações com mais
de 200 países simultaneamente. Mas a conduta do presidente americano tem sido
ele próprio definir suas prioridades.
Tarifaço pode tirar quase US$ 6 bilhões
do agro
Por conta do novo pacote de tarifas anunciado pelo
governo dos Estados Unidos, as exportações do agronegócio brasileiro para o
país podem cair quase pela metade. A estimativa é da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que calcula uma perda de até US$ 5,8
bilhões para o setor, caso as medidas sejam efetivadas nos moldes propostos.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em
produtos do agro para os EUA. Com o tarifaço — que pode elevar em até 50% o
custo de entrada desses produtos no mercado americano — a CNA prevê uma redução
de 48% no valor total das exportações.
A projeção leva em conta a chamada elasticidade das
importações, um indicador que mede como a demanda dos Estados Unidos reage a
mudanças no preço dos produtos. Ou seja, quanto mais sensível o produto é ao
aumento de preço, maior a queda nas compras. A entidade partiu do princípio de
que o aumento das tarifas seria totalmente repassado ao consumidor final, o que
elevaria os preços dos produtos brasileiros em até 50%.
De acordo com a análise, os impactos não serão
iguais para todos os setores. Produtos como suco de laranja e açúcares
especiais teriam suas exportações praticamente zeradas. O suco de laranja, por
exemplo, hoje enfrenta tarifas entre 5,26% e 6,13%. Com o novo pacote, elas
passariam a mais de 55%, o que tornaria o produto inviável para o consumidor
americano. A CNA estima queda de 100% nas exportações do produto.
Situação semelhante ocorreria com o álcool etílico,
que teria sua tarifa multiplicada de 2,5% para 52,5%, com estimativa de queda
de 71% no exportado. No caso do café verde, o impacto seria menor: queda de 25%
.
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