O baixo índice de vacinação infantil fez
o Brasil voltar
para a lista de países com mais crianças não imunizadas no mundo. O retrocesso
foi apontado em um levantamento feito pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) e pelo Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef),
divulgado na segunda-feira (14).
Segundo o relatório, o Brasil passou de 103 mil
crianças não vacinadas em 2023 para 229 mil em 2024. O número fez o país ficar
na 17ª colocação da lista de nações com mais crianças não imunizadas, na frente
de Mianmar (209 mil – 18º lugar no ranking), Costa do Marfim (193 mil – 19º) e
Camarões (168 mil – 20º). Nigéria (2,1 milhões), Índia (909 mil) e Sudão (838)
compõem as primeiras colocações da lista.
No cenário global, 14 milhões de crianças não se
vacinaram em 2024, enquanto 5,7 milhões receberam proteção parcial -– isto é,
apenas uma das doses recomendadas. A Unicef aponta como causas do quadro o
acesso limitado a serviços de imunização, conflitos ou desinformação sobre
vacinas.
Como resultado, nenhuma das 17 vacinas monitoradas
pela OMS alcançou coberta de 90% ou mais no período. É o caso do imunizante
contra difteria, tétano e coqueluche, conhecido como DTP1. No ano passado, 89%
das crianças foram vacinadas com uma dose do imunizante, enquanto 85% receberam
as três doses. Em comparação com 2023, contudo, um milhão de crianças a mais
completaram o ciclo vacinal.
A cobertura contra o sarampo também melhorou, com
84% das crianças recebendo a primeira dose e 76% recebendo a segunda, um pouco
acima do ano anterior. Estima-se que mais 2 milhões de crianças foram
alcançadas em 2024, cobertura que, apesar de soar positiva, está longe dos 95%
necessários para prevenir surtos. Ao todo, mais de 30 milhões de crianças
seguem desprotegidas contra a doença.
No caso do Brasil, além das dificuldades enfrentadas
na cobertura vacinal, a Unicef aponta para o abandono vacinal: imunizantes que
exigem múltiplas doses, como a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola),
apresentam altas taxas de evasão entre a primeira e a segunda dose. Em alguns
estados, o indicador ultrapassa os 50%, comprometendo a efetividade da
imunização e aumentando o risco de reintrodução de doenças controladas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário