Em um dos cantos mais movimentados do bairro
Petrópolis, entre a rotina apressada e a sombra da escola mais tradicional de
Natal, a Banca Atheneu segue resistindo. Fundada há mais de meio século, o
ponto é hoje comandado por Marcelo Barbosa Gomes, que há 15 anos assumiu a
missão de manter vivo o hábito da leitura impressa em plena era digital.
“Isso aqui é um arrimo de família. Minha cunhada
criou os filhos com o sustento dessa banca. Outros irmãos também já tiveram
banca. Então, quando precisei escolher entre a iniciativa privada e um negócio
próprio, optei por continuar esse legado”, contou Marcelo, que é irmão do
proprietário da Tabacaria do Tota, de Antônio Barbosa, localizada a poucos
metros de distância.
Com a chegada da internet e o avanço das plataformas
digitais, o destino das bancas parecia ameaçado. Mas Marcelo viu no desafio uma
oportunidade de reinvenção. “Hoje, nenhuma banca sobrevive só de revista. É
preciso ter um mix de produtos. A gente vende de tudo: lápis, caneta, coisas
que o vizinho precisa no dia a dia. Isso segura a clientela”, explicou, ao
citar a localização estratégica próximo ao colégio Atheneu.
Para ele, o papel resiste. “Tem o idoso que vem todo
dia comprar palavra cruzada, como um remédio para a mente. E tem pais que preferem
que os filhos leiam um gibi, um livro. A banca ainda é um ponto de iniciação à
leitura”, afirmou o jornaleiro, que também se tornou incentivador de autores
locais. “Sou um dos pioneiros aqui em divulgar os escritores da terra. A
maioria dos livros que estão aqui é de autores potiguares, porque as editoras
não distribuem para as bancas, mas eu faço questão de abrir esse espaço”.
Marcelo é presidente da Associação dos Jornaleiros do Rio Grande do Norte e
conhece de perto os desafios do setor. “Já tivemos muito mais bancas em Natal.
Hoje, temos cerca de 60 atuando. Muitas fecharam porque não se adaptaram ou não
resistiram à queda na procura. Por isso, a gente defende que haja incentivos
públicos”.
Uma das principais bandeiras da associação é que as
bancas sejam reconhecidas por sua especificidade e valor cultural, se
diferenciando legalmente do comércio informal. “Hoje, somos enquadrados na
mesma legislação de camelôs, mas somos diferentes. As bancas foram, por
décadas, o único ponto de distribuição de jornais da cidade. Isso tem um peso
histórico que precisa ser reconhecido. Até a ginga com tapioca já virou
patrimônio imaterial. Por que não as bancas?”, questionou.
Agora, a Banca Atheneu passará a oferecer um serviço
de reserva de exemplares do AGORA RN, que também simboliza a resistência do
jornalismo impresso. “Tem dia que o jornal acaba cedo. Agora, com esse serviço,
quem quiser pode deixar o nome e garantir o seu”, reforçou Marcelo.
Mais que um ponto comercial, a banca é um ponto de
encontro. Um elo entre o passado e o presente da cidade. Um lugar onde a
notícia ainda pode ser folheada, e onde a cultura local encontra espaço através
da inegável esperança de que o papel ainda tem muito a dizer.
AGORA RN pode ser reservado em bancas parceiras
Os leitores do AGORA RN têm agora uma nova forma de
garantir diariamente seu exemplar gratuito do jornal impresso: é possível fazer
uma reserva direta nas bancas parceiras. Para isso, basta informar o nome
completo ao jornaleiro da banca de sua preferência.
A iniciativa contempla pontos de entrega espalhados
por Natal, Parnamirim, Macaíba e São Gonçalo do Amarante. Com tiragem gratuita
e distribuição diária, o grupo jornalístico reforça seu compromisso de manter o
leitor bem informado e de forma acessível. São distribuídos diariamente 7.500
exemplares impressos.
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