Análise do TCU (Tribunal de Contas da União) indica
que os programas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que mais custam
aos cofres públicos apresentam baixa eficiência. O órgão analisou as metas
definidas no 1º ano do PPA (Plano Plurianual) 2024-2027 em 10 áreas que
representam, juntas, 72,5% do Orçamento da União.
Conforme o parecer, o governo não alcançou as metas
nas áreas de Previdência, saúde e educação superior. O Bolsa Família foi o
único programa com 100% dos objetivos atingidos. As informações são do jornal O
Estado de São Paulo.
“A análise dos resultados de 2024 indica que a
administração federal alcançou avanços inegáveis em programas com modelo de
gestão maduro –caso do Bolsa Família– e registrou progresso parcial em
Previdência, saúde e educação superior”, lê-se no parecer do ministro Jhonatan
de Jesus, relator das contas presidenciais. Eis a íntegra do documento (PDF –
378 kB).
“Entretanto, exibiu desempenho insuficiente em
infraestrutura logística, educação básica e iniciativas territoriais, áreas
determinantes para elevar a produtividade e reduzir desigualdades regionais”,
diz o texto.
“Afloram restrições institucionais recorrentes:
falta de pessoal especializado, escassez orçamentária e falhas de articulação
federativa são apontadas pelos gestores em praticamente todos os programas que
falharam –explicação que, embora válida, revela padrão estrutural de
dificuldades de planejamento e coordenação”, afirma o documento.
Segundo o TCU, há “obras paralisadas, prazos de
análise de benefícios acima do legal e metas abandonadas logo no 1º ano do
PPA”.
O TCU disse que os programas analisados “abrangem a
espinha dorsal das políticas públicas – previdência, transferência de renda,
educação em seus diversos níveis, saúde básica, infraestrutura de transportes,
recursos hídricos, desenvolvimento regional e mineração”.
Diz o texto: “Dessa forma, o seu desempenho agregado
é medida razoável da capacidade do Estado de transformar recursos orçamentários
em benefícios efetivos para a população”.
O Ministério do Planejamento e Orçamento afirmou que
a análise do TCU mostra a relevância do PPA na identificação de desafios na
implementação das políticas públicas.
“Esses desafios são estruturais justamente por serem
resultado de anos de precarização das capacidades estatais. O governo atual
está empenhado na reorganização e reconstrução dessas capacidades”, disse.
O pior cenário é na mineração. O objetivo do governo
era reduzir o nível de emergência nas barragens em 10%. Porém, esse nível
aumentou 14%. Segundo o TCU, “receia-se que não seja alcançado o objetivo de o
setor mineral se tornar sustentável, seguro e atrativo a investimentos até
2027”.
Ao Estadão, o Ministério de Minas e Energia afirmou
observar “com atenção” os resultados apresentados pelo TCU.
“É relevante observar que o indicador, por sua
natureza, é fortemente influenciado pelas ações dos empreendedores, e não só
pelas atividades da equipe técnica da Agência Nacional de Mineração”, disse.
“O MME ressalta que os números apresentados no
relatório referem-se ao monitoramento do 1º ano de vigência do instrumento,
etapa inicial em que são comuns ajustes operacionais e institucionais. Com
isso, espera-se, um aumento progressivo neste percentual de atingimento das
metas nos próximos anos”, declarou.
O TCU disse haver, no setor de transporte, um
“quadro crônico” de atrasos de obras em rodovias e ferrovias.
O Ministério dos Transportes disse que os técnicos
do TCU consideram dados indicados pelo governo no PPA. O órgão cita problemas
herdados do governo anterior.
“Quando a gente entrou na gestão, teve que fazer
projeto, licitar e contratar. Faz muito sentido no meu 1º ano de PPA estar
começando a consolidar o que fizemos no início do governo. É bem natural isso”,
disse ao Estadão o secretário executivo do Ministério dos Transportes, George
Santoro.
“Aqui não é igual eu fazer um campinho de futebol e
entregar. Aqui eu tenho normas muito rígidas de engenharia sendo cumpridas”,
declarou.
O Ministério da Previdência Social não respondeu ao
contato do jornal.
O MEC (Ministério da Educação) disse ter compromisso
com a melhoria contínua da gestão pública e educação de qualidade. O órgão
afirmou ter feito uma ampla revisão dos programas para que os objetivos e as
metas de entrega sejam mais realistas. “As recomendações do Tribunal de Contas
da União (TCU) são consideradas como subsídios para aprimoramento das políticas
e ações do setor”, declarou.
O Ministério da Saúde disse estar “em processo de
revisão da matriz de monitoramento e avaliação da Atenção Primária”. Segundo o
órgão, “o novo modelo de financiamento valoriza o desempenho no atendimento,
incentivando melhorias contínuas”.
Poder 360
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