O escândalo revelado pela operação Hipnos,
deflagrada nesta sexta-feira (4) pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte,
trouxe de volta à tona uma grave denúncia feita pelo senador Styvenson Valentim
(PODEMOS-RN) em setembro de 2023. À época, o parlamentar afirmou em uma live
nas redes sociais que o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RN) era um
“viveiro de vagabundos”, expressão que lhe rendeu uma nota de repúdio por parte
dos servidores da autarquia.
A recente operação Hipnos teve como objetivo
desarticular um esquema criminoso que envolvia a omissão da implementação de
multas de trânsito no sistema do Detran/RN. A investigação apontou a
participação de um servidor do órgão, de um policial militar lotado no Comando
de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE) e de despachantes. Os envolvidos
cobravam valores para impedir que infrações de trânsito fossem registradas, o
que, segundo os autos, permitia que multas regularmente aplicadas
desaparecessem do sistema.
Em um dos endereços alvo da operação, a polícia
encontrou R$ 15 mil em espécie, além de documentos que reforçam a existência do
esquema. Um dos despachantes foi submetido à colocação de tornozeleira
eletrônica. Já o servidor do Detran e o policial militar foram afastados das
suas funções. O nome da operação, “Hipnos”, faz alusão ao deus do sono na
mitologia grega, em referência ao jargão utilizado pelos envolvidos para
indicar que fariam a multa “dormir”, ou seja, desaparecer do sistema.
Diante das revelações, Styvenson voltou a se
manifestar em suas redes sociais. No vídeo divulgado, o senador relembrou as
denúncias feitas durante o período em que coordenava a Operação Lei Seca no RN.
Ele afirma que, naquela época, identificou um esquema em que auto de infrações
lavrados durante as blitzen não eram lançados no sistema do Detran. Segundo
Styvenson, havia cobrança de até R$ 1 mil para “sumir” com os documentos.
“Descobri que os autos de infração não estavam sendo
oficializados no Detran. Sumiam porque estavam sendo vendidos”, afirmou. De
acordo com o senador, o prejuízo ao Estado, em apenas um ano, foi de
aproximadamente R$ 400 mil, sem contar o impacto na segurança pública, já que
motoristas flagrados dirigindo sob efeito de álcool ficavam impunes.
Styvenson também criticou a inação dos órgãos de
fiscalização à época: “O Ministério Público e a Polícia Civil souberam e nada
fizeram”, declarou durante a transmissão.
A operação Password, deflagrada anteriormente pelo
Ministério Público do RN, também investigou fraudes semelhantes envolvendo a
adulteração de dados nos sistemas internos do Detran-RN. As investigações
reforçam o histórico de denúncias envolvendo a autarquia, cujo funcionamento
tem sido alvo de diversas suspeitas nos últimos anos.
A repercussão do caso reacende o debate sobre a
necessidade de maior controle, transparência e responsabilização dentro dos
órgãos públicos do estado, especialmente aqueles com funções diretas na
segurança e fiscalização do trânsito.
Portal 96

Nenhum comentário:
Postar um comentário