Com 529 mil seguidores na rede social Instagram, o
influenciador digital e ativista anticapacitista Ivan Baron, 26 anos, protestou
contra a aprovação de projeto de lei na Câmara Municipal de Mossoró, que institui
o “Programa Incluir”, com a finalidade de fortalecer a inclusão escolar e
ampliar o suporte a crianças e adolescentes com deficiência e Transtorno do
Espectro Autista (TEA).
O pedagogo Ivan Baron disse que o prefeito Allyson
Bezerra (União) “finalmente conseguiu aprovar o seu projeto de lei eleitoreiro,
que autoriza a contratação de pessoas sem especialização para auxiliar alunos
na rede municipal de ensino”.
“Nós não queremos babás em escolas, queremos
educação inclusive”, protestou Baron, no Instagram, depois que o presidente da
CMM, vereador Genilson Alves (União Brasil) quebrou acordo firmado com as “mães
atípicas”, a fim que o projeto do Executivo fosse debatido em audiência
pública, mas a matéria foi a voto já na quarta-feira (2), no mesmo “Dia Mundial
de Conscientização do Autismo” sem a discussão prévia com as famílias,
atendendo apelo do prefeito para que a data comemorativa não passasse em
branco.
Baron afirmou que “pior presente impossível para se
receber” no Dia de Conscientização do Autismo, um PL que desrespeita esses
estudantes e outros com deficiência. Péssimo dia para quem defende a inclusão!
Com essa atitude todos perdem!”.
“A aprovação do PL 115 (Programa Incluir) se deu
após a Câmara Municipal aceitar adiar a votação e discutir o projeto após uma
audiência pública, porém na sessão de hoje, a mesma casa que fez o compromisso
com mães atípicas e movimentos sociais aprova de maneira covarde o PL”, atacou
Baron.
Ivan Baron criticou, ainda, o autoritarismo de Allyson
Bezerra, que “se recusou a dialogar com a sociedade civil, ouvir pessoas com
deficiência e a angústia de familiares atítipicos, que não terão mais a
confiança de deixarem os filhos na escola para serem cuidados por estranhos”.
O “Programa Incluir” propõe a concessão de bolsas
para auxiliares de sala de aula, garantindo que estudantes com deficiência
recebam o apoio necessário para uma participação plena nas atividades
escolares.
A PMM disponibiliza 800 vagas para candidatos de
auxiliar de acompanhamento, que devem possuir ensino médio completo, ter mais
de 18 anos e cumprir uma carga horária de 20 ou 40 horas semanais. O valor das
bolsas será de R$ 800 para a jornada de 20 horas e R$ 1.600 para 40 horas
semanais.
O projeto foi aprovado com duas emendas
modificativas e duas aditivas, tendo sido encartado ao texto original que a
formação dos auxiliares será feita na Escola de Gestão Pública, com parcerias
com instituições e organizações de ensino, garantindo-se formação continuada
dos auxiliares.
O PL do Executivo foi aprovado por 17 a 2, com votos
favoráveis dos vereadores João Marcelo (PSD), Kayo Freire (PSD), Vladimir
(PSD), Cabo Deyvison (MDB), Dr. Cubano (PSDB), John Kenneth (Solidariedade),
Lucas das Malhas (União Brasil), Ozaniel Mesquita (União Brasil), Petras (PSD),
Raério Cabeção (União Brasil), Ricardo de Dodoca (União Brasil), Thiago Marques
(Solidariedade), Tony Cabelos (União Brasil), Jailson Nogueira (PL), Alex do
Frango (PSD) Wiginis do Gás e Vavá (REDE).
As vereadoras Marleide Cunha (PT) e Plúvia Oliveira
(PT) votaram contra a proposta do Executivo.
O vereador Petras (PSB Petras justificou o voto,
dizendo que já existe a presença de neuropediatras no atendimento às crianças
autistas, além da ampliação do quadro de profissionais no Centro de
Reabilitação: “O prefeito já se comprometeu a chamar mais profissionais para
atender no centro de reabilitação e no CAPS infantil”.
“Precisamos agir com responsabilidade, pois não
podemos esperar que tudo venha pronto. A luta é nossa, de toda a sociedade”,
argumentou Petras.
Já o vereador Alex do Frango (PSD) defendeu que não
há retrocesso no projeto, “Discutimos emendas para melhorar o projeto a cada
dia, com o objetivo de aperfeiçoá-lo. O que queremos são pessoas mais
qualificadas, e o projeto não impede a participação dessas pessoas”.
Segundo Alex do Frango, o projeto não exclui
profissionais com formação superior ou experiência em pedagogia, mas “não
podemos menosprezar as pessoas com ensino médio. Elas também podem contribuir
com suas experiências. O importante é buscarmos pessoas qualificadas que possam
realmente incentivar as crianças e ajudá-las a se desenvolver”.
A vereadora Marleide Cunhas defende a exigência de
nível superior ou formações em graduações voltadas para a educação: “O que essa
pessoa de nível médio teve oportunidade de estudar sobre pedagogia, educação
especial, inclusão de crianças? Como elas estarão atuando nas escolas?”,
questionou a vereadora, alertando para a necessidade de profissionais
capacitados para lidar com as complexidades da educação inclusiva”.

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