O PP pode puxar uma "debandada" dos
partidos do Centrão do governo Lula. A sigla comandada pelo senador oposicionista
Ciro Nogueira (PI) estuda reunir a Executiva para votar a decisão de deixar a
base e entregar a única pasta que a sigla tem hoje na Esplanada, o Ministério
dos Esportes, comandado por André Fufuca (MA).
O ministro é, hoje, uma voz isolada a favor de permanecer
no governo. Só isso tem segurado Nogueira, já que são bem próximos --Fufuca é
visto como uma espécie de filho político do bolsonarista. Outra força que
segurava a saída, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (AL), hoje não faria
oposição à ideia.
Uma vez que o PP decida entregar o ministério,
Nogueira poderia pressionar o União Brasil a fazer o mesmo, acenando com a
retirada das resistências para a formação de uma federação entre os dois
partidos. Com isso, integrantes dos partidos acreditam que ficaria difícil para
Marcos Pereira e Gilberto Kassab manterem o Republicanos e o PSD na base de
Lula, principalmente sendo peças-chaves do governo Tarcísio de Freitas em São
Paulo.
A pressão para que os partidos do Centrão deixem a
base de Lula vem com a justificativa de que o presidente teria resolvido dar
uma "guinada à esquerda" com a reforma ministerial, sobretudo com a
nomeação de Gleisi Hoffmann para a articulação política e a ideia de levar o
deputado Guilherme Boulos (PSOL) para o Palácio do Planalto --não confirmada
por ninguém próximo ao presidente.
Embora Gleisi tenha se aproximado de setores do
Centrão nos últimos anos, inclusive construindo uma ótima relação com o
presidente da Câmara, Hugo Motta, ela ainda tem a imagem muito associada à
esquerda e, principalmente na linha de política econômica defendida por ela.
Essa movimentação do Centrão pode levar Lula a
acelerar uma segunda etapa da reforma ministerial, voltada justamente para
satisfazer esses partidos. Acontece que até hoje ele nunca tocou no assunto de
forma consistente com os dirigentes de PSD e União --siglas que pleiteiam novos
e melhores espaços no primeiro escalão.
Vera Magalhães - O Globo
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