O último final de semana foi marcado por uma
escalada de violência no Rio Grande do Norte, com diversos atentados e
homicídios ocorrendo em diferentes pontos da cidade. Conflitos entre facções
criminosas e disputas por territórios têm transformado bairros inteiros em
cenários de guerra, espalhando medo entre a população e desafiando as
autoridades de segurança.
Homicídios do Sábado
Na Penitenciária Estadual Doutor Francisco Nogueira
Fernandes, conhecida como Alcaçuz, um interno identificado como Erivan Soares
Paixão foi encontrado morto no início da madrugada de sábado (22), no interior
da cela 01 do pavilhão 04. O corpo apresentava sinais de estrangulamento ou enforcamento,
causa que deverá ser confirmada pela perícia policial.
Em São Gonçalo do Amarante, um homem foi assassinado
a tiros na Rua Moema da Silva Orane. Já em São Paulo do Potengi, Luan Vicente
Diniz foi morto na Rua João Tinoco.
No bairro Pajuçara, Zona Norte de Natal, uma mulher
identificada como “Manu” foi alvo de uma tentativa de homicídio na Rua Dr.
Carneiro Ribeiro. Relatos indicam que ela aguardava um mototáxi quando um homem
a cumprimentou e, em seguida, retornou para disparar quatro tiros contra sua
cabeça. A vítima foi socorrida pelo SAMU e levada ao hospital, sem que seu
estado de saúde fosse divulgado. No local do crime, uma sacola com material
suspeito, possivelmente drogas, foi encontrada e encaminhada à perícia.
Em Guamaré, na localidade Morro do Judas, o
adolescente Alisson da Silva Feliciano, de 13 anos, conhecido como “Paco”, foi
morto a facadas por Antony Henrique da Silva Oliveira, vulgo “De menor”. Paco
havia saído recentemente do CEDUC, onde cumpria medida socioeducativa por
tentativa de homicídio. O autor do crime foi preso e alegou que Paco o procurou
em casa antes do ataque.
Homicídios do Domingo
No bairro Pajuçara, em Natal, Francisco Anderson da
Silva, de 20 anos, conhecido como “Gordinho”, foi morto a tiros em uma vila na
Rua dos Imigrantes, no conjunto Vila Verde. Ele havia saído recentemente do
sistema penitenciário, onde cumpria pena por tráfico de drogas. O jovem estava
em uma “biqueira”, ponto de venda de drogas, quando foi surpreendido por dois
homens em uma moto, que efetuaram pelo menos sete disparos, sendo quatro
fatais.
Na Cidade Alta, um homicídio foi registrado na Rua
São Bernardo, enquanto em Monte Alegre, um homem foi morto na Avenida João de
Paiva, no centro da cidade.
No bairro Cidade Nova, Luiz Fidélis da Silva Neto,
de 20 anos, foi morto e seu irmão, Anderson Fidélis, de 25, baleado durante um
atentado na comunidade “Rabo da Cachorra”. Criminosos armados abriram fogo
contra um grupo que bebia no local, atingindo Luiz na cabeça e nas costas,
resultando em sua morte imediata. Anderson foi atingido no pé e levado para
atendimento médico. A Polícia suspeita que o ataque esteja relacionado à
disputa territorial entre as facções Comando Vermelho e Sindicato do RN.
No Hospital Clóvis Sarinho, duas pessoas baleadas em
diferentes pontos da cidade não resistiram aos ferimentos e faleceram.
No bairro Nossa Senhora da Apresentação, no final da
noite de domingo para a madrugada de segunda-feira (24), mais um homicídio foi
registrado. A vítima, identificada como Rafinha, era um membro do Sindicato do
Crime. Testemunhas relataram ter ouvido mais de 30 tiros durante a execução.
No total, oito homicídios ocorreram em Natal. Além
desses crimes, também foram registradas uma morte no trânsito, dois afogamentos
e pelo menos quatro óbitos sem causa definida pelo Instituto Técnico-Científico
de Perícia (ITEP).
Pelo menos três das mortes registradas estão
diretamente ligadas à disputa entre as facções Comando Vermelho e Sindicato do
RN. A morte dentro do presídio de Alcaçuz pode ter sido o estopim para a
intensificação da violência nas ruas do estado.
A sequência de crimes violentos reforça a
preocupação com o crescimento da criminalidade em Natal e região. A guerra
entre facções tem transformado bairros inteiros em zonas de conflito, colocando
a segurança da população em risco. Enquanto isso, o silêncio das testemunhas e
a falta de recursos para investigações aprofundadas tornam o trabalho das
autoridades ainda mais desafiador.
Especialistas apontam a necessidade urgente de uma
intervenção mais rigorosa do Estado na segurança pública, com estratégias
eficazes de combate ao tráfico de drogas e fortalecimento do policiamento
ostensivo. Medidas que possam desarticular o poder das facções criminosas são
essenciais para evitar que a violência continue a crescer e fazer novas
vítimas. A população, cada vez mais refém do medo, clama por ações concretas e
urgentes das autoridades competentes.
Portal BO
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