Em mais uma crise do governo, o Ministério da Casa
Civil divulgou nota na noite desta sexta-feira para desmentir uma declaração
dada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que havia
afirmado existir uma discussão interna para aumentar o valor do Bolsa Família.
A fala de Dias irritou o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e mobilizou integrantes do governo durante a tarde. Após o episódio,
auxiliares do petista no Palácio Planalto passaram a defender que o titular do
Desenvolvimento Social seja incluído na reforma ministerial que deve ser
anunciada nas próximas semanas. A pasta é alvo de cobiça de partidos do
Centrão.
O Ministério da Fazenda também foi pego totalmente
de surpresa com a declaração de Welligton Dias. O eventual aumento do Bolsa
Família teria impacto nas contas públicas em um momento em que o governo é
pressionado a cortar gastos.
Na nota de desmentido, o Ministério da Casa Civil
garante que a possibilidade de aumento não será discutida pelo governo: “A Casa
Civil da Presidência da Republica informa que não existe estudo no governo
sobre aumento do valor do benefício do Bolsa Família. Esse tema não está na
pauta do governo e não será discutido.”
Em entrevista a portal DW, Dias havia falado sobre a
necessidade de ajustar o benefício. “Vamos tomar uma decisão dialogando com o
presidente, porque isso repercute. Será um ajuste? Será um complemento na
alimentação?”, pergunta. Em seguida, o ministro admite que mexer no valor do
benefício “está na mesa”.
Wellington Dias trata da necessidade de aumento do
Bolsa Família para responder à alta do preço dos alimentos. O problema já havia
provocado uma crise no governo na quinta-feira, quando Lula, em entrevista a
rádios da Bahia, disse que o povo não deveria comprar os produtos que estão
caros.
— Uma das coisas mais importantes para que a gente
possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai no supermercado e
desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver a
consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai
ter que baixar para vender, porque senão vai estragar — afirmou.
Integrantes do governo reconhecem que a fala do
presidente foi equivocada, deu margem a ataques da oposição e precisa ser
calibrada. Do jeito que Lula se expressou, a avalição é que passou a impressão
que o governo lavou as mãos sobre o problema e transferiu a responsabilidade
para o povo.
O Globo
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