O número de estudantes matriculados na rede estadual
de ensino do Rio Grande do Norte caiu 27,04% nos últimos 10 anos, de acordo com
um levantamento feito pela TRIBUNA DO NORTE com base nos dados disponíveis no
Sistema Integrado de Gestão Educacional (SIGEduc). As informações indicam que,
em 2015 foram matriculados 252.201 alunos na rede; neste ano, são 183.994
matrículas, ou seja, 68.207 estudantes a menos. No comparativo entre 2025 e
2024 (com 200.280 alunos), houve redução de 16.286 matriculados (8,13%). Para a
professora Cláudia Santa Rosa, um dos fatores para o cenário é a falta de
estrutura, que tem tornado a rede pouco atrativa.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado da
Educação, Cultura, Esporte e Lazer (SEEC) para comentar os dados, mas não houve
retorno até o fechamento desta edição. Conforme os números apurados, a maior
redução ocorreu nos anos finais do Ensino Fundamental, que teve 87.349 alunos
matriculados em 2015. Este ano, são 51.887 (perda de 35.462 estudantes).
Depois, vêm os anos iniciais do Ensino Fundamental – foram 46.977 matriculados
em 2015 e 26.446 ( 20.531 a menos) em 2025 – e do Ensino Médio (com 118.440 em
2015 e 105.661 neste ano), o que significa uma perda de 12.779 estudantes em 10
anos.
Para Cláudia Santa Rosa, doutora em Educação, a
concentração da maior parte da redução – registrada no Ensino Fundamental – se
dá em razão da transferência dos estudantes para as redes municipais,
geralmente para escolas com melhor infraestrutura. “Nos últimos tempos, várias
famílias transferiram os filhos, alegando que nos Municípios existem melhores
condições de ensino. E a gente observa que muitas prefeituras têm investido em
questões como a climatização das escolas, por exemplo”, frisa a especialista.
De acordo com Santa Rosa, outros fatores também
podem ser citados como agentes que resultam na perda dos estudantes na rede
estadual, especialmente em séries dos anos finais do Ensino Fundamental e
também de todo o Ensino Médio. “A gente não pode ignorar que existe o jovem
‘nem-nem’, aquele que não trabalha nem estuda. E, se a gente faz uma análise
com o recorte de uma década, podemos citar, inclusive, a questão da queda de natalidade,
que também impacta no número de matriculados”, comenta a professora.
A falta de atratividade nas escolas, seja por
questões estruturais ou de ensino, propriamente ditas, é o principal gargalo,
segundo Santa Rosa. “Não existe um fator apenas, mas um aspecto que eu destaco
é a desconexão entre a escola e as necessidades dos estudantes. E as escolas da
rede estadual, especialmente, são muito carentes de necessidades elementares,
como climatização, material didático, componente curricular e até mesmo de um
professor que faça a diferença na vida do aluno”, avalia a especialista.
Para reverter a situação, Cláudia Santa Rosa defende
melhorias estruturais, bem como um projeto pedagógico que torne as escolas mais
atrativas. “É preciso garantir professores e projetos que façam sentido. Em
relação à estrutura, é importante mencionar, ainda, questões como o transporte
escolar, que deve ser fornecido de forma regular e sistêmica. Há relatos de
alunos que perdem parte da aula por conta do ônibus, que faz o transporte de
todos os turnos e, portanto, preciso sair mais cedo para não atrasar a chegada
da turma seguinte”, diz.
“Também é preciso usar a tecnologia dos laboratórios
para tornar o ambiente interessante e motivar o jovem a permanecer na escola”,
acrescenta a professora. De acordo com os dados levantados pela reportagem,
desde 2015 os números de estudantes matriculados na rede estadual de ensino
registram quedas quase que de maneira sucessiva, ano após ano. A exceção foram
os anos de 2021, quando foram matriculados 222,2 mil alunos (aumento de 2,3% em
relação a 2020, que teve 215,8 mil matrículas); e 2024, com 200,2 mil
matrículas (alta de 0,4% em relação a 2023, que registrou 199,4 mil alunos
matriculados).
NÚMERO:
Matrículas na rede estadual de ensino do RN
2015: 252.201
2016: 246.701
2017: 236.071
2018: 221.912
2019: 216.873
2020: 215.885
2021: 222.233
2022: 211.606
2023: 199.483
2024: 200.280
2025: 183.994
Fonte: SIGEduc / SEEC
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