O anúncio da reabertura do Mercado da Redinha aconteceu
na última quinta-feira (6), após reunião dos permissionários com as secretarias
da Prefeitura, onde firmaram acordo para que o funcionamento aconteça da última
sexta-feira (7), até o dia 9 de março, domingo seguinte ao Carnaval.
Para Cícera Nascimento, de 63 anos, o retorno das
atividades é de extrema importância para economia local e, no seu caso, também
familiar. Cícera trabalha no Mercado na companhia de sua prima, também
permissionária, e reconhece que o período em que o Complexo esteve fora de funcionamento
foi difícil não só para os trabalhadores do Mercado, como também para os que
fornecem o material lá comercializado, os pescadores.
“Nós já havíamos comprado muita ginga para o preparo
aqui no Mercado, e quando recebemos a notícia de que as portas seriam fechadas,
foi muito triste pois sabíamos que perderíamos todos os peixes já pescados, e
também que os pescadores teriam a queda daquelas vendas que pra eles já eram
garantidas”, conta Cícera.
A permissionária iniciou os trabalhos no Mercado da
Redinha há 35 anos, quando casou com o seu marido que tinha o box como herança
familiar desde o seu bisavô. “O período em que o Mercado ficou fechado, que pra
mim foram quase 3 anos, foi muito difícil. Complementei a minha renda vendendo
marmitas, pois os R$1.200 que recebia do Município não eram suficientes”,
relembra.
Cícera conta ser muito grata às pessoas que puderam
se prontificar a lutar para que o Mercado reabrisse as portas, alegando também
que o novo espaço precisa estar funcionando para ser usufruído por turistas e
natalenses.
E é o que celebra Tereza Neuma, de 64 anos, que foi
ao Mercado para conhecer o novo espaço. Tereza conta que só esteve no Mercado
anos atrás quando ainda tinha a antiga estrutura e disposição, e nesta
reabertura conta estar feliz com a mudança.
“Era tudo muito apertado, muito estreito, não havia
todo esse espaço para a circulação como temos hoje”, conta Tereza. Mas nem
todos os públicos se agradaram com o Mercado. Na opinião de Kátia Nunes, de 40
anos, há melhorias para serem feitas nas questões operacionais do local. “É
preciso existir mais opções de bebidas, e também melhores opções”, conta Kátia,
que veio de Pau dos Ferros para conhecer o espaço. “Mas o ponto visual
realmente é impressionante, a beleza do espaço e da vista fazem a vinda valer a
pena”, conta.
E foi para que as melhorias tenham chances de
acontecer que Ozeni Florêncio Silva, de 51 anos, se esforçou incansavelmente
para que o Mercado pudesse reabrir suas portas. A presidente da associação dos
permissionários da Redinha representou a classe nas reuniões com os
representantes do Município, e lembra com emoção dos dias celerados em que
correu contra o tempo para que o Complexo retornasse o seu funcionamento.
“Fomos para a rua, fizemos protesto, mas só tivemos
apoio quando o secretário municipal de Governo, Sérgio Freire, compadeceu com o
nosso caso e tomou frente da parte jurídica, que por fim nos permitiu voltar a
trabalhar”, conta Ozeni. Com o fechamento prematuro do espaço, Ozeni tinha
receio que o cenário acabasse afetando os seus colegas do Mercado da mesma
forma que eles foram afetados no período em que esteve fechado para a
construção. “Muitos colegas entraram em depressão pela escassez financeira que
lidaram nesse período”, lembra.
Dos 33 permissionários que existiam em 2022, quando
o Mercado fechou para a reforma, apenas 16 retornaram com a reabertura em
dezembro, e mais 4 na reabertura nesta sexta-feira (7). Parte dos
permissionários não retornaram ao trabalho no Mercado por falta de
infraestrutura para equipar os seus espaços. “Com o tempo parado, sabemos que o
material pode se perder, um freezer pode quebrar, e são coisas que pesam no
orçamento”, conta a representante dos permissionários.
Ozeni também explica como está o funcionamento dos
boxes. Hoje os 20 permissionários ocupam 8 boxes, sendo 2 permissionários por
espaço. “Nós conseguimos essa alteração nas últimas reuniões. No acordo
anterior, na abertura de dezembro, cada espaço era dividido entre 4
permissionários”, conta.
A alteração foi realizada para que os lucros possam
ser divididos entre um número menor de famílias. Sobre o acordo firmado para a
manutenção do espaço, Ozeni conta que os permissionários de cada box são
responsáveis pela manutenção e limpeza de seus espaços, sendo a empresa
gerenciadora do Festival Gastronômico Boteco do Natal os responsáveis pela
limpeza e manutenção do espaço do Complexo em si. “Dos R$ 20 do valor do
produto, como a ginga com tapioca, R$ 16 são do permissionário e R$ 4 para a
empresa gerenciadora”, explica Ozeni.
Para a reunião em que foi firmado o acordo entre
permissionários e Prefeitura, estiveram presentes Arthur Dutra, secretário
municipal de Concessões, Parcerias, Empreendedorismo e Inovação (SEPAE), Sérgio
Freire, secretário municipal de Governo; Felipe Alves, secretário de Serviços
Urbanos (Semsur); a vereadora Samanda Alves e oito representantes dos
permissionários do Mercado da Redinha.
De acordo com a divulgação primária da Prefeitura, o
segundo edital de licitação da Concessão do Complexo da Redinha deve ser
lançado até o próximo dia 26, quando completa 30 dias da suspensão do
funcionamento do Mercado.
Tribuna do Norte
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