TV do PT, dinheiro dos contribuintes
Ao indicar emendas para bancar TV sindical privada,
PT revela sua alma antirrepublicana
O Estadão revelou que a Empresa Brasileira de
Comunicação (EBC) firmou dois convênios com a assim chamada TV do Trabalhador
(TVT), ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e à Central Única dos
Trabalhadores (CUT), para bancar a renovação dos estúdios e dos equipamentos da
emissora, além de financiar a produção de seus “programas jornalísticos”. As
aspas aqui são necessárias, evidentemente, porque o que a TVT chama de
jornalismo é conhecido no mundo real como propaganda. A bem da verdade, o canal
poderia facilmente se chamar “TV do PT” ou “TV CUT” sem perder a identidade,
pois é ao proselitismo político que se presta.
A generosa cortesia com chapéu alheio custará R$ 2,65
milhões aos contribuintes. A aquisição de novas câmeras e transmissores, entre
outros equipamentos, e a produção dos programas serão pagas com recursos
advindos de emendas ao Orçamento da União indicadas por 12 parlamentares das
bancadas do PT na Câmara e no Senado, o que só adiciona insulto à injúria. Se
já é reprovável o financiamento público de uma organização privada, tão ou mais
grave é a violação dos princípios da moralidade e da racionalidade nos gastos
públicos. Se a TVT não tem condições de financiar suas atividades, este é um
problema exclusivo de seus gestores. O ônus, por óbvio, não tem de recair sobre
o erário.
Que fique claro: o PT, o Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC e a CUT, como quaisquer entidades privadas, têm assegurado o direito de
ter seu próprio veículo de comunicação. Mas que o exerçam com seus próprios
meios.
Embora faça parte da Rede Nacional de Comunicação
Pública (RNCP), a TVT não é um canal de comunicação que serve ao conjunto da
sociedade brasileira. Dado o traço de audiência, é lícito inferir que a
esmagadora maioria dos cidadãos nem sequer ouviu falar do canal a serviço do PT
e das agremiações sindicais, malgrado se dizer “do trabalhador”. Trata-se de
uma emissora cuja origem e linha editorial são marcadamente associadas ao
sindicalismo e à militância política petista, razão pela qual cabe ao PT, à CUT
e aos sindicatos a esta vinculados custear a sua programação.
Para qualquer cidadão sensato, essa separação é
perfeitamente compreensível. Já para os petistas, é inconcebível distinguir o
interesse público dos interesses do partido ou do governo do presidente Lula da
Silva. Nessa mixórdia, a apropriação da EBC para fins político-partidários é
tratada como a coisa mais natural do mundo.
O Brasil enfrenta desafios fiscais que exigem
responsabilidade e austeridade na aplicação dos recursos públicos. Cada centavo
gasto pelo Estado deve ser justificado por seu retorno social amplo,
beneficiando a coletividade, e não ser direcionado para sustentar veículos de
comunicação de caráter privado, ainda que sob o disfarce de um convênio
institucional.
Os contribuintes não podem ser forçados a financiar,
mesmo indiretamente, a comunicação de um partido político ou outra entidade
privada específica. O erário não pode ser empregado a serviço de interesses
particulares. A ver como reagirão o Ministério Público e o Tribunal de Contas
da União.
Opinião do Estadão

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