O início do ano novo chega com velhos problemas no
maior hospital de referência em trauma do Rio Grande do Norte, o Walfredo
Gurgel. Superlotação, além de falta de pessoal e de insumos, de acordo com o
Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaúde), tem marcado o começo de
2025 na unidade. O coordenador do Sindicato, Carlos Alexandre, denuncia que a
ala do segundo andar do hospital, que havia sido reaberta após uma reforma, foi
fechada novamente na última sexta-feira (4) por falta de profissionais da
enfermagem, provocando a supressão de 38 leitos e sobrecarregando outros
setores.
Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap),
não respondeu aos questionamentos feitos até o fechamento desta edição. A
TRIBUNA DO NORTE também tentou contato com a administração da unidade no final
da manhã desta quarta-feira (8), quando esteve no Walfredo, mas a equipe havia
saído para o almoço e não havia ninguém para receber a reportagem. Segundo
Carlos Alexandre, o fechamento da ala do segundo andar é a principal causa dos
demais problemas. De acordo com ele, desde o início do ano, o número de pessoas
nos corredores oscila entre 30 e 40.
Com a alta demanda, o corredor do centro cirúrgico
também passou a acumular pacientes. “A sala de recuperação está cheia. E tem
ainda duas salas cirúrgicas reservadas para pós-operatório, o que não deveria
ocorrer”, fala. “A ala do segundo andar foi fechada na sexta-feira passada
porque não tinha técnicos e enfermeiros para completar a escala. Com isso, o
hospital ficou com 38 leitos a menos e os pacientes ficam retidos em outros
setores”, complementa Alexandre.
Essa é a situação do irmão do agricultor Antônio
Rocha, de Patu. O paciente chegou ao Walfredo há quatro dias, após quebrar o
fêmur em decorrência de uma queda de moto. “Ele fez a cirurgia um dia depois de
chegar aqui, está bem, mas não tem nenhum quarto para onde ir enquanto espera
para ser transferido para o Memorial. Me disseram que, talvez hoje
[quarta-feira] à tarde tivessem uma resposta”, relata Antônio. Já a mãe de uma
paciente que preferiu não se identificar chegou ao Walfredo por volta das 16h30
da terça-feira (7), com três artérias entupidas. “Ela foi medicada e deveria
receber um novo remédio hoje [quarta-feira], às 6h. Já passou de meio dia e até
agora nada”, reclama a mulher.
Segundo Maria, a mãe estava no corredor por falta de
quartos na enfermaria. “Ela tem 75 anos, mas à noite não conseguiu dormir,
porque toda hora tem gente entrando e saindo na sala para fazer raio-x, que é
próximo de onde minha mãe está. Sobre o remédio, fui várias vezes buscar
informações e há pouco me disseram que a enfermeira da escala foi embora porque
estava doente. Disseram que a medicação que era para ter sido dada às 6h, não
será mais ministrada. Será que eles não teriam como substituir essa
enfermeira?”, questiona.
Segundo a mulher, que é de São Gonçalo do Amarante, outros
pacientes se amontoavam pelo corredor, dentre eles uma senhora de 92 anos, com
o fêmur quebrado. Além da superlotação, o Sindsaúde denuncia que faltam
insumos, como luvas, máscaras, antibióticos e outros. O teto da sala de
endoscopia, que desabou em 16 de dezembro de 2024, ainda está em obras. Uma
estrutura para assistência a quem precisa do procedimento foi montada no
segundo andar do hospital, de acordo com o Sindsaúde.
Na noite da última segunda-feira (6), o Sindsaúde
recebeu denunciou que o hospital estava sem nenhum bebedouro disponível para
acompanhantes. A falta de alternativas na unidade estava obrigando os
acompanhantes a trazerem água de casa, conforme o Sindsaúde. A situação teria
sido solucionada na terça-feira, após a denúncia, de acordo com o próprio
Sindicato.
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