Com aumento médio de até 9% nos preços para 2025, a
compra de materiais escolares no Rio Grande do Norte e no Brasil tem se tornado
um desafio ainda maior para pais e mães neste começo de ano. Segundo a
Associação de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), fatores
como a alta do dólar e a inflação puxam pra cima os preços dos itens.
Na avaliação do economista e ex-presidente do
Conselho Regional de Economia (Corecon-RN), Helder Cavalcanti, os materiais
escolares acabam sendo impactados diretamente pela alta do dólar, uma vez que a
fabricação desses produtos e a composição de insumos vêm de materiais
importados. “Eles tiveram um crescimento entre 5 a 9% de inflação no período,
superior a 4,8% que foi a variação do INPC. É um crescimento muito
significativo e atrelado sempre ao dólar que impacta toda a produção
brasileira”, aponta.
Aliado a isso, uma pesquisa feita pelo Instituto
Locomotiva em parceria com a QuestionPro revelou que as despesas com materiais
escolares somaram R$ 49,3 bilhões no último ano, representando um aumento de
43,7% em comparação aos últimos quatro anos. O levantamento, que ouviu 1.461
famílias entre 2 e 4 de dezembro de 2024, mostrou que 85% das famílias com
filhos em idade escolar sentiram o impacto das compras de materiais escolares.
Entre os entrevistados, 35% planejam parcelar as despesas para o ano letivo de
2025, um índice que sobe para 39% entre as famílias da classe C.
Em Natal, famílias que já têm procurado os materiais
escolares reclamam de preços altos e de que a pesquisa tem sido essencial para
economizar nas compras. Segundo a dona de casa Benilde Barbosa, 56 anos, os
preços “deram uma subida absurda”, que compra os materiais do neto, de 10 anos.
“Subiu quase 100%. Eu vejo que o material escolar de
maneira em geral está muito caro”, reclama.
Mesmo pensamento tem a fiscal de caixa Dayara
Bezerra, 32 anos. “Primeira vez que trago ele, mas está muito caro. Acho que as
mochilas são as com preço mais alto”, disse a potiguar.
Em alguns casos, lojistas acabaram se antecipando na
compra de materiais para não repassar todo o aumento para os consumidores. É o
caso de Bira Marques, proprietário de uma livraria e papelaria em Natal e em
Parnamirim.
Todo ano temos uma expectativa boa para esse
período. Acho que devemos ter um aumento até porque houve um aumento de preço
de vários produtos. Tudo que trabalha com cola, por exemplo, tem uma variação.
Não tivemos aumento mais significativo porque vários produtos antecipamos a
compra e conseguimos segurar o preço. Lógico que tem um acréscimo em relação ao
ano passado, mas pequeno. Mas produtos que compramos no final do ano já teve
esse aumento, que com o dólar, fica entre 5 e 10%”, explica, acrescentando
ainda que sua loja resolveu dar descontos em determinados itens e ampliação em
parcelamentos.
Segundo o economista Helder Cavalcanti, o ideal é
que pais e tutores façam pesquisas e levantamentos na hora da compra do
material escolar. “Nossa orientação é sempre a pesquisa, é importante que se
pesquise o máximo possível, já deveria ter tido antes esse cuidado. É sempre
interessante que as pessoas sabem que todos os anos têm esse compromisso, que
se comece isso em novembro, por exemplo”, aponta.
“Outra alternativa é utilizar as economias, de
acordo com Helder Cavalcanti. “É mais interessante porque é um crescimento que
a pessoa não vai ter na remuneração do capital guardado. Se há essa reserva é
bom utilizar para essa aquisição, não financiar, e tentar negociar um preço à
vista porque isso pode ajudar na compra”, acrescenta. “Recomendo que os pais
façam pesquisas de preços desde já e com calma. Assim, eles terão mais tempo
para comparar diferentes lojas”, explica o advogado Paulo Bandeira.
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