A nova tarifa do transporte público de Natal, que
subiu para R$ 4,90 no último dia 29 de dezembro, está gerando problemas para
usuários e motoristas. A dificuldade no troco de 10 centavos tem provocado
reclamações das duas partes. "Paguei com R$ 5 e ele disse que não tinha os
10 centavos para dar. Quando a gente for pagar novamente, não vai ter e eles
não vão deixar a gente passar", reclamou uma passageira em entrevista à TV
Tropical.
Em contrapartida, os motoristas dos ônibus também relatam
prejuízos. "A situação é bastante complicada. Nem toda hora a gente tem os
10 centavos e o usuário fica bastante estressado, porque quer o troco. A gente
tem que se virar, fala para aguardar um pouco. Quando vai dando certo, a gente
vai passando o troco e assim vai", falou um profissional também ao ser
entrevistado.
Já outro motorista, de forma anônima, denunciou que
as empresas não disponibilizam moedas para o troco e que os profissionais
precisam tirar do próprio bolso.
"Eu sou motorista de uma empresa aqui de Natal
e a gente, no dia de hoje, não tem fundo de caixa, a empresa não nos dá fundo
de caixa. Então, nós ganhamos com o nosso dinheiro. Nós vamos, quando paramos,
a gente trocar, a gente troca em cigarreira, troca em todo canto. Onde tiver para
trocar, a gente troca", afirmou.
"Mas, infelizmente, esse troco de 10 e de 5,
ficou muito ruim. São poucas moedas. Então, muitas vezes, a gente não tem para
dar ao cliente. Muitas vezes, estamos gastando 15 centavos para dar uma moeda
de 25, mas muitos não têm. Hoje foi dia de eu dar várias moedas de 25 que, no
final da minha jornada, vai faltar, porque eu estou dando 15 centavos do meu,
do meu fundo de caixa", reclamou.
O advogado de defesa do consumidor, Araken Farias,
explicou que receber o troco é um direito do consumidor. No caso, os 10
centavos deverão ser devolvidos ao usuário do transporte público. "Ele não
pode deixar de viajar. Tem que disponibilizar o troco. Se não tiver, faz o
valor maior, 25 centavos que é a moeda maior. Mas o passageiro não pode deixar
de fazer seu trajeto por falta de troco e ausência de troco garantido a ele o
transporte gratuito", frisou.
“O passageiro que para constrangido a não viajar
pode juntar-se com a ação para pedir indenização. Também poderá acionar a
polícia naquele momento para garantir que a viagem dele seja exercida”,
acrescentou o advogado.
Já o subcoordenador do Procon RN, Oberdan Medeiros,
orientou que o passageiro fizesse uma consulta junto ao órgão. “É importante
que o consumidor formalize sua consulta, registre documentalmente com vídeo,
foto e formalize a consulta na unidade do Procon mais próxima dele”, explicou.
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de
Natal (Seturn) confirmou a dificuldade com o troco de 10 centavos. Contudo,
apenas sugeriu que o usuário adira ao pagamento eletrônico. "Estamos com
um grande problema de logística do troco por escassez de moedas de 0,10 em
circulação, esse valor do reajuste não facilita isso. Nossa recomendação é que
as pessoas busquem comprar créditos eletrônicos em um dos postos cadastrados
(130) na cidade ou pelo aplicativo NuBus", justificou.
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