As obras de recuperação da RN-003, que liga
Goianinha à Pipa, devem ser concluídas até o próximo dia 31, de acordo com
informações do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Norte
(DER-RN). Prevista inicialmente para entrega em dezembro de 2024, a obra foi
suspensa no mês passado, pouco antes do Natal, devido ao aumento no fluxo de
veículos na via durante o período de final de ano, com previsão de retorno no
último dia 2. O DER informou que os trabalhos foram retomados e disse que
cumpre o “cronograma estabelecido, até o final de janeiro”.
As longas filas de veículos que se formam no acesso
ao principal destino turístico do litoral Sul potiguar são alvo de reclamação
por parte dos motoristas, conforme vídeos que circulam na internet. O DER explicou
que está sendo feita a substituição e reforço de solo, drenagem e asfaltamento.
No trecho já pronto, será aplicada a sinalização nos próximos dias. Sobre os
transtornos à população, o órgão esclareceu somente que “os desvios feitos
estão sendo seguidos e estão em funcionamento”. Os atrasos para a entrega da
estrada recuperada têm gerado críticas por parte do trade turístico.
Para o presidente da Associação Brasileira da
Indústria de Hotéis do RN (ABIH-RN), Edmar Gadelha, os impactos experimentados
na obra “são extremamente danosos e negativos”. Gadelha lembra que o contrato
da obra foi assinado em maio de 2024, tendo como escopo da licitação o serviço
de reciclagem e recapeamento asfáltico, com extensão de quase 19 quilômetros,
de Goianinha a Tibau do Sul. “A obra deveria ser executada no prazo mínimo de
90 dias ou máximo de 180 dias, dependendo da complexidade encontrada no curso
da execução”, relembra.
“O governo anunciou a entrega para o dia 20 de
dezembro, justamente às vésperas da alta estação, de suma importância para toda
a cadeia produtiva do turismo, cujo destino tem como principal acesso
justamente essa rodovia. Lamentavelmente, observou-se a paralisação da obra
pelo menos três vezes, resultando no inevitável atraso”, completa Edmar
Gadelha. Ele diz que a hotelaria espera medidas emergenciais para a conclusão
das obras. “Como consequência [dos atrasos], a gente tem o caos instalado ao
longo do trajeto e transtornos de toda a ordem para os turistas”, fala.
George Costa, presidente da Câmara Empresarial do
Turismo (CET), da Fecomércio RN, avalia que a forma como a obra foi programada
passa a impressão, para os visitantes, de que os serviços turísticos do Estado
são de má qualidade. Segundo ele, faltou planejamento. “Primeiro, houve uma
lentidão extrema para o início da obra. Segundo, todos nós sabemos do aumento
absurdo do fluxo de veículos nos meses de dezembro e janeiro, então, não houve
prioridade para recuperar a estrada. E, por fim, o desvio utilizado não deveria
ser da forma como está sendo feito”, critica.
Costa disse que falta uma via alternativa que
garanta infraestrutura mínima para que os usuários escapem de
congestionamentos. “O desvio é feito no meio de um canavial, com um sistema de
siga e pare, mas aquela área tem espaço para fazer desvios vicinais”, afirma,
ao mencionar os efeitos para o trade. “O turista chega a Pipa com um humor não
muito propício. E, infelizmente, propagandas negativas correm muito rápido
entre os grupos de quem reclama, os quais acabam escolhendo outros lugares para
viajar”, pontua.
Grace Gosson, do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes,
Bares e Similares do Rio Grande do Norte (SHRBS-RN), disse que, ao ter uma
experiência negativa no acesso às praias, o turista cria uma imagem de que o
destino carece de organização e de infraestrutura, fazendo com que ele leve
essa percepção negativa para casa e para os amigos e familiares. “Assim,
futuramente, ele escolherá outro destino mais acessível e mais ordenado. Além
disso, dificulta a acessibilidade com o aumento do tempo de viagem e com
desvios na rota, e apresenta maior risco de acidentes, pois obras inacabadas na
pista colocam em perigo a população e os turistas”, sublinha Gosson.
Segundo o DER, a medida de suspensão da obra em
dezembro foi tomada por causa do aumento no fluxo de veículos no período de
final de ano. Ainda de acordo com o órgão, a medida tinha como objetivo reduzir
o risco de acidentes em razão de máquinas na pista e a empresa responsável
pelos serviços foi orientada a retirar todo o maquinário da via. Os serviços
foram suspensos com 60% de conclusão. “Após esse período de final de ano, a
obra foi retomada”, disse o DER, sem mencionar qual o percentual já concluído
até o momento.
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