Perto de bater o recorde de contratações e com
dificuldades de atrair novos trabalhadores, as construtoras estão formulando
uma proposta a ser apresentada ao governo para estimular a população atendida
por programas sociais, como o Bolsa Família, a se apresentar para trabalhar nos
canteiros de obras. Na visão dos empresários, os programas sociais se tornaram
“concorrentes” uma vez que a maior parte das pessoas que recebe auxílio fica de
fora do mercado de trabalho formal.
Por enquanto, a proposta do setor está em gestação.
Ela envolve uma possível campanha das vantagens de se trabalhar nas obras até
sugerir parâmetros mais flexíveis que os atuais para o público trabalhar sem
perder a bolsa.
O pano de fundo é que as construtoras estão com
dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, o que as obriga a pagar
salários mais altos para atrair candidatos. O setor está aquecido e atingiu a
marca de 2,9 milhões de empregos formais, puxado por obras comerciais e
residenciais, especialmente do Minha Casa, Minha Vida. Este é o maior nível de
emprego em uma década, chegando perto do recorde histórico, que foi de 3,1
milhões em 2014.
O salário médio de admissão (primeiro emprego) na
construção está em R$ 2.315, o terceiro mais alto, atrás apenas de finanças,
com R$ 2.324; e administração e serviços públicos, com R$ 2.455, segundo o
Ministério do Trabalho.
Emprego no Bolsa Família
Criado há 21 anos, o Bolsa Família atende 20,7
milhões de famílias com um valor médio de R$ 684 por mês. Para ter direito ao
benefício, a renda de cada pessoa da família deve ser de até R$ 218 por mês.
Não é verdade que essa população não trabalha. Ao
menos 2,8 milhões de famílias (13,5%) têm um membro com carteira assinada, de
acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social. Neste ano, os beneficiários
ficaram com 56% de 1,5 milhão de vagas formais geradas. Além disso, há muitos
beneficiários em postos informais, como faxineiras, jardineiros, feirantes,
pedreiros, motoristas, entregadores, entre outros, cuja quantidade exata não é
bem conhecida.
Desde o ano passado, o Bolsa Família ganhou uma
regra que garante a manutenção do benefício às pessoas que assinam a carteira
de trabalho. O objetivo foi incentivar a procura por emprego. Chamada ‘Regra de
Proteção’, ela prevê que famílias em que a renda subir acima de R$ 218 por
pessoa sigam recebendo benefícios. Para isso, o aumento de renda não pode
ultrapassar meio salário mínimo (R$ 706) por indivíduo. Nessas condições,
passam a receber 50% do valor regular do benefício por até 24 meses.
Estadão
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