Com o verão chegando no dia 21 de dezembro e a
incidência de radiação solar constante e intensa, o cuidado com a pele ganha
uma importância superior a outros períodos do ano, especialmente em regiões de
clima quente e úmido como o Rio Grande do Norte. A busca por um corpo bronzeado
ou simplesmente a oportunidade de desfrutar um tempo de lazer com a família no
litoral devem ser acompanhadas de intensas preocupações com possíveis impactos
de curto e até a longo prazo diante do sol.
De acordo com Bárbara Carriço, médica dermatologista e membra titular da
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a estação traz desafios únicos,
como a exposição intensa ao sol, o calor e a umidade, que podem comprometer a
saúde da pele. Segundo ela, no curto prazo, é comum observar queimaduras
solares, ressecamento, irritações e até o agravamento de condições como acne.
“A longo prazo, a exposição solar sem proteção pode resultar em danos mais
profundos, como o fotoenvelhecimento e o aumento do risco de câncer de pele”,
alerta.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que o câncer de pele é um
dos tumores que mais atingem os brasileiros, com incidência de 176.930 casos,
sendo 93.770 homens e 93.160 mulheres no tipo não melanoma, e 8.450 casos de
melanoma, sendo 4.200 homens e 4.250 mulheres durante o ano de 2021. Diante
desses números, Bárbara explica que a proteção solar é um dos pilares mais
importantes para evitar problemas.
“O protetor solar é essencial o ano todo, mas no verão se torna ainda mais
necessário devido aos maiores índices de radiação ultravioleta e ao aumento do
tempo de exposição ao sol”, orienta. A dermatologista recomenda o uso de
filtros com fator de proteção superior a 30, preferencialmente a partir de 50
para peles mais claras, e ressalta a necessidade de reaplicação a cada duas
horas ou após atividades como nadar ou suar excessivamente. “E vale lembrar:
pessoas com pele mais escura também precisam de proteção, pois o excesso de
exposição solar pode trazer danos a longo prazo”, reforça.
Ticiana Gomes, 38, mãe de duas meninas de 4 e 10 anos, é cuidadosa com a
proteção e segue as dicas da dermatologista especialmente nas raras visitas à
praia. Ela revela que o cuidado com a proteção solar sempre foi uma
preocupação, reforçada após o diagnóstico de câncer de pele em seu avô. “Ele
trabalhava muito sob o sol, o que provavelmente contribuiu para o problema.
Faço questão de proteger minha filha com blusas térmicas e viseiras, além de
passar o protetor solar”, afirma.
Para toda a família, ela utiliza protetores com fator entre 30 e 70, aplicando
principalmente nas áreas mais expostas e também sempre opta por horários com
menor incidência do sol, seja nos momentos de aproveitar uma praia ou na
piscina, espaço mais frequentado pelas filhas.
Já Jairo Garcia, 36, vive uma situação bem diferente. Trabalhando como guia de
turismo na Praia de Ponta Negra diariamente, a adaptação aos cuidados veio com
o tempo e com as “consequências de queimaduras frequentes”. Jairo, que até
recentemente não usava protetor solar, conta que sofreu com queimaduras nos
ombros e rosto, o que o levou a adotar uma rotina de cuidados com a pele e a
sempre portar uma pequena bisnaga de protetor solar.
“Trabalho na Praia tem uns dois anos, mas só de quatro meses para cá que
comecei a tomar esse cuidado. Hoje uso protetor solar todos os dias, blusa de
proteção, chapéu e óculos de sol”, relata. Ele reconhece que demorou a entender
os riscos da exposição direta ao sol, mas agora adota as medidas preventivas
necessárias.
Apesar das boas práticas, Bárbara Carriço relembra também a importância de não
esquecer áreas que frequentemente são negligenciadas na aplicação de protetor,
como lábios, couro cabeludo, orelhas e pescoço. “Os lábios, por exemplo, são
muito vulneráveis a queimaduras solares e precisam de protetor labial com fator
de proteção. O couro cabeludo também pode ser afetado pela exposição,
especialmente em pessoas com pouco cabelo ou que deixam essa área exposta”,
comenta.
Para a escolha das camisetas de proteção solar, é recomendado prestar atenção
no Fator de Proteção Ultravioleta (FPU), que deve ser indicado na etiqueta do
produto, classificadas nos seguintes níveis: 15-24 como boas, 25-49 como muito
boas, e 40-50+ como excelentes. Para essa medição, as fábricas realizam testes
laboratoriais que avaliam a quantidade de radiação ultravioleta transmitida
pelo tecido.
Acompanhada das altas temperaturas, o aumento da transpiração e da oleosidade
são comuns e o cuidado específico é essencial, principalmente para evitar o
surgimento de acne e irritações. “A rotina de limpeza precisa ser adequada ao
tipo de pele de cada pessoa, sem exageros. Usar produtos que não agridam a
barreira cutânea e evitar esfoliantes em excesso são medidas fundamentais”,
aconselha a dermatologista. Ela recomenda produtos não comedogênicos, que
ajudam a controlar a oleosidade sem piorar a acne.
Para manter a pele hidratada durante os meses quentes, Bárbara indica o uso de
hidratantes que contenham ingredientes como ácido hialurônico, glicerina e aloe
vera, que ajudam a manter a hidratação sem aumentar a oleosidade, algo
importante para quem tem pele mais oleosa. Ela enfatiza a importância da
ingestão de água para auxiliar na hidratação da pele de dentro para fora e
sugere o uso de produtos em gel ou loções leves, ideais para estações de calor.
Práticas esportivas também pedem
cuidados
Igor Vieira, 30, visitante de Goiânia que veio passar alguns dias em Natal,
aproveitou a primeira manhã no Rio Grande do Norte para fazer uma caminhada na
Praia de Ponta Negra. Mesmo sem esse contato frequente com esportes, ele
destaca a importância de manter o cuidado com a pele diante da forte incidência
solar com um protetor fator 70, inclui acessórios como óculos e, eventualmente,
camisas térmicas para atividades ao ar livre. “Mesmo sem histórico familiar de
câncer de pele, acredito que a proteção é importante. Pretendo aproveitar o sol
com responsabilidade, porque entendo os riscos”, afirma.
Para aqueles que praticam esportes ao ar livre no verão, Bárbara orienta sobre
a escolha do protetor solar ideal, que deve ser resistente à água e ao suor.
Ela também destaca a importância de que o produto seja oftalmologicamente
testado, para evitar a irritação nos olhos, comum em quem transpira durante a
prática esportiva. “O protetor deve ser aplicado ao menos 30 minutos antes da
atividade e reaplicado a cada duas horas. Além disso, é importante complementar
a proteção com roupas e acessórios como bonés, óculos de sol e chapéus”,
orienta a médica.
Outra prática que pode ser implementada pelos praticantes do esporte é a
consulta ao site do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) diariamente, que
frequentemente publica alertas de previsão do tempo destinados a todas as
regiões do país, como intensidade das ondas de calor, umidade e temperaturas.
SBD desenvolve campanha
O
“Dezembro Laranja”, promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD),
completa 11 anos de conscientização contra o câncer de pele. Em Natal, a ação
de atendimento ao público já está marcada para o dia 7 de dezembro, no Centro
Avançado de Oncologia (Cecan) da Liga Contra o Câncer, das 8h às 12h.
Na avaliação da médica dermatologista, a campanha é uma oportunidade para
conscientizar a população sobre a importância de cuidar da pele, especialmente
com a chegada do verão. “Teremos dermatologistas voluntários realizando
avaliações gratuitas para detectar sinais de câncer de pele. É uma ação
importante para identificar precocemente qualquer alteração na pele e orientar
os cuidados”, explica Bárbara Carriço.
Tribuna do Norte
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