Ex-ministro de Jair Bolsonaro e secretário-geral do
PL, o senador Rogério Marinho (RN) afirma que, a despeito das evidências
listadas pela Polícia Federal (PF), vincular o ex-presidente à ofensiva
golpista é “forçar a barra”. O parlamentar critica a atuação do ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como relator das
investigações, defende o avanço do projeto que anistia os envolvidos no 8 de
Janeiro e se esquiva de apontar o nome da direita para 2026, já que Bolsonaro
está inelegível. “Acreditamos que vai se reverter”, afirma.
A PF indiciou Jair Bolsonaro e quatro ex-ministros
por participação em tentativa de golpe de Estado. O senhor, como aliado do
ex-presidente, tinha conhecimento da tentativa de golpe?
Nem eu nem você. Nós estamos há mais de dois anos
com esse inquérito que não termina nunca, ao lado dos outros, como o das fake
news, que vai fazer seis anos. São investigações intermináveis em que as
pessoas são presas para se aguardar que elas façam uma confissão. Sobre o
indiciamento, era esperado e é a sequência do processo de perseguição política.
O plano teria sido impresso no Palácio do Planalto.
Acharam um plano depois de dois anos, em um celular
que foi aprendido há dois anos, me desculpe. Eu tenho que aguardar o que está
acontecendo. Aloprado tem em todos os lugares. Já ouvi essa frase, inclusive,
de um cara chamado Luiz Inácio Lula da Silva (referência a um escândalo na
campanha presidencial de 2006). Querer atribuir essa situação a Bolsonaro é
forçar a barra.
A investigação cita uma reunião na casa do general
Braga Netto, que é próximo ao senhor.
Tudo o que acontece precisa ser apurado. O que não
dá é conviver com métodos poucos ortodoxos. O Direito tem um rito processual.
Por exemplo: acontece um problema com a pessoa que claramente está
desequilibrada e, no dia seguinte, o ministro Alexandre de Moraes afirma que
aquilo faz parte do gabinete do ódio e recebe o inquérito para presidi-lo. Fica
difícil acreditar na imparcialidade.
O projeto de anistia para os envolvidos no 8/01
naufragou com o avanço das investigações e a ação do homem-bomba na Praça dos
Três Poderes?
Claro que não. A anistia é um instrumento previsto
na Constituição e é um ato político, não é jurisdicional. Aliás, me causa muita
espécie ver ministros (do STF) prejulgando e fazendo análise política. Nós
defendemos o Supremo Tribunal Federal, mas cada um exercendo seu papel.
Mas acredita que o projeto ainda vai avançar?
Foi criada uma comissão para tratar do tema. Caso
não aconteça agora, espero que funcione no próximo ano. É necessário ter
equilíbrio e que se puna quem depredou, invadiu, mas dentro do que a lei prevê.
O que vai dar apoio da maioria do Parlamento é a mobilização popular e a
exposição do processo.
O PL decidiu apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre
à presidência do Senado. O que o partido espera em troca?
Esperamos que pautas que são caras à oposição possam
tramitar e que tenhamos a possibilidade de ocupar comissões temáticas que nos
permitam propor a agenda, além de espaço na Mesa Diretora. Estávamos vindo de
uma eleição extremamente dividida (para o comando do Senado, em 2023). A forma
como fomos tratados não foi adequada para um grupo político que disputou as
eleições.
Alcolumbre prometeu pautar o projeto da anistia, se
chegar ao Senado?
Não é uma promessa. A conversa que nós temos com o
Alcolumbre é que os temas não terão trava. Não haverá tabu para discussão.
Qual é a posição na Mesa que o partido quer e quais
são as comissões?
A vice-presidência. Nas comissões, o critério justo
é o da proporcionalidade.
Quem o senhor defende como candidato da direita à
Presidência em 2026, já que Bolsonaro está inelegível?
Temos problemas diferentes. A esquerda está
desconectada com o sentimento da sociedade e não se renova, está restrita à
figura do presidente Lula. Ele é como aquele goleiro que fica na pequena área e
na volta dele não nasce nem grama. Do nosso lado, Bolsonaro permitiu a criação
de novas lideranças.
E quem vai substituí-lo?
A gente está falando sobre uma hipótese que ainda
não transitou em julgado. Acreditamos que essa situação vai se reverter
(inelegibilidade). Ele claramente foi injustiçado.
Mas quem o senhor escolhe entre os governadores
Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ronaldo Caiado
(Goiás)?
Nosso candidato é Bolsonaro. Caso isso não ocorra,
vamos conversar com ele e os demais atores.
O Globo
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