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sábado, 23 de novembro de 2024

TANGARAENSES - Entrevista: 'Aloprado tem em todos os lugares. Já ouvi essa frase, inclusive, do Lula', diz senador Rogério Marinho (PL)

 


Ex-ministro de Jair Bolsonaro e secretário-geral do PL, o senador Rogério Marinho (RN) afirma que, a despeito das evidências listadas pela Polícia Federal (PF), vincular o ex-presidente à ofensiva golpista é “forçar a barra”. O parlamentar critica a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como relator das investigações, defende o avanço do projeto que anistia os envolvidos no 8 de Janeiro e se esquiva de apontar o nome da direita para 2026, já que Bolsonaro está inelegível. “Acreditamos que vai se reverter”, afirma.

A PF indiciou Jair Bolsonaro e quatro ex-ministros por participação em tentativa de golpe de Estado. O senhor, como aliado do ex-presidente, tinha conhecimento da tentativa de golpe?

Nem eu nem você. Nós estamos há mais de dois anos com esse inquérito que não termina nunca, ao lado dos outros, como o das fake news, que vai fazer seis anos. São investigações intermináveis em que as pessoas são presas para se aguardar que elas façam uma confissão. Sobre o indiciamento, era esperado e é a sequência do processo de perseguição política.

O plano teria sido impresso no Palácio do Planalto.

Acharam um plano depois de dois anos, em um celular que foi aprendido há dois anos, me desculpe. Eu tenho que aguardar o que está acontecendo. Aloprado tem em todos os lugares. Já ouvi essa frase, inclusive, de um cara chamado Luiz Inácio Lula da Silva (referência a um escândalo na campanha presidencial de 2006). Querer atribuir essa situação a Bolsonaro é forçar a barra.

A investigação cita uma reunião na casa do general Braga Netto, que é próximo ao senhor.

Tudo o que acontece precisa ser apurado. O que não dá é conviver com métodos poucos ortodoxos. O Direito tem um rito processual. Por exemplo: acontece um problema com a pessoa que claramente está desequilibrada e, no dia seguinte, o ministro Alexandre de Moraes afirma que aquilo faz parte do gabinete do ódio e recebe o inquérito para presidi-lo. Fica difícil acreditar na imparcialidade.

O projeto de anistia para os envolvidos no 8/01 naufragou com o avanço das investigações e a ação do homem-bomba na Praça dos Três Poderes?

Claro que não. A anistia é um instrumento previsto na Constituição e é um ato político, não é jurisdicional. Aliás, me causa muita espécie ver ministros (do STF) prejulgando e fazendo análise política. Nós defendemos o Supremo Tribunal Federal, mas cada um exercendo seu papel.

Mas acredita que o projeto ainda vai avançar?

Foi criada uma comissão para tratar do tema. Caso não aconteça agora, espero que funcione no próximo ano. É necessário ter equilíbrio e que se puna quem depredou, invadiu, mas dentro do que a lei prevê. O que vai dar apoio da maioria do Parlamento é a mobilização popular e a exposição do processo.

O PL decidiu apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre à presidência do Senado. O que o partido espera em troca?

Esperamos que pautas que são caras à oposição possam tramitar e que tenhamos a possibilidade de ocupar comissões temáticas que nos permitam propor a agenda, além de espaço na Mesa Diretora. Estávamos vindo de uma eleição extremamente dividida (para o comando do Senado, em 2023). A forma como fomos tratados não foi adequada para um grupo político que disputou as eleições.

Alcolumbre prometeu pautar o projeto da anistia, se chegar ao Senado?

Não é uma promessa. A conversa que nós temos com o Alcolumbre é que os temas não terão trava. Não haverá tabu para discussão.

Qual é a posição na Mesa que o partido quer e quais são as comissões?

A vice-presidência. Nas comissões, o critério justo é o da proporcionalidade.

Quem o senhor defende como candidato da direita à Presidência em 2026, já que Bolsonaro está inelegível?

Temos problemas diferentes. A esquerda está desconectada com o sentimento da sociedade e não se renova, está restrita à figura do presidente Lula. Ele é como aquele goleiro que fica na pequena área e na volta dele não nasce nem grama. Do nosso lado, Bolsonaro permitiu a criação de novas lideranças.

E quem vai substituí-lo?

A gente está falando sobre uma hipótese que ainda não transitou em julgado. Acreditamos que essa situação vai se reverter (inelegibilidade). Ele claramente foi injustiçado.

Mas quem o senhor escolhe entre os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ronaldo Caiado (Goiás)?

Nosso candidato é Bolsonaro. Caso isso não ocorra, vamos conversar com ele e os demais atores.

O Globo

 

 

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