A projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio
Grande do Norte é de expandir 6,2% em 2024, o maior índice entre as unidades
federativas do país, superando a previsão anterior divulgada em setembro,
quando estava em 4,4%, segundo estudo do Banco do Brasil (BB) intitulado
“Resenha Regional de Assessoramento Econômico” e atualizado neste mês de
novembro. Nesse cenário, a taxa de crescimento da economia norte-riograndense
será mais que o dobro do país neste ano (3%) e também superior à região
Nordeste (3,3%). A revisão do índice é puxada especialmente pelo agro e pela
indústria.
No ranking da projeção do PIB aparecem em seguida o
Tocantins (6%), Paraíba (5,8%), Amapá (5,1%), Pará (4,9%) e Distrito Federal
(4,4%). O Mato Grosso do Sul foi o único estado cuja projeção ficou negativa
(-0,5%) e o Mato Grosso teve expectativa positiva mais baixa (0,2%) dentre as
unidades da federação.
Pelo levantamento, o PIB da indústria potiguar
deverá ser destaque, crescendo 20,8% e seguido pelo setor agropecuário (9,8%) e
de Serviços (3,6%). Segundo o documento, no acumulado do ano, a indústria
nacional apresentou uma variação positiva de 3% e a do Rio Grande do Norte
manteve o melhor desempenho do país, com um crescimento de 13,7%, sendo o único
estado a apresentar crescimento de dois dígitos.
Esse resultado foi impulsionado pelo bom desempenho
na fabricação de coque – ingrediente chave na produção de aço -, produtos
derivados do petróleo e biocombustíveis (33,6%), além da confecção de artigos
do vestuário e acessórios (28,3%).
O Ceará ocupa o segundo lugar, com um crescimento de
8,9%, beneficiado pelo bom desempenho na fabricação de produtos de metal,
máquinas e equipamentos (32,4%), preparação de couros e fabricação de artefatos
de couro, artigos para viagem e calçados (26,9%), e confecção de artigos do
vestuário e acessórios (26,1%). “Estimamos que a indústria seja o setor mais
dinâmico na economia brasileira neste ano, com crescimento esperado na ordem de
3,4% no PIB Industrial”, diz relatório.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio
Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, afirma que a projeção de crescimento
acima do esperado do PIB da indústria, pelos bancos oficiais, se dá em função
do grande avanço da produção do petróleo e de energias renováveis no Rio Grande
do Norte, que hoje é o maior produtor de petróleo e maior gerador de energia
eólica em terra.
“A descoberta do novo potencial do Campo de Pitu, na
margem equatorial do RN, associado à perspectiva da geração de energia eólica
off-shore, assim como a planta piloto de produção do hidrogênio verde, também
contribuem para esse otimismo em relação aos resultados econômicos do RN”, afirma
o presidente da Federação.
Serquiz analisa ainda a questão dos empregos. “No
que se refere ao saldo de empregos formais, temos o destaque da construção
civil, que está novamente aquecida. É um retrato desses setores mencionados,
principalmente, que impacta nos números e nas boas expectativas para o nosso
Estado”, analisa.
O economista Helder Cavalcanti, do Conselho Regional
de Economia (Corecon RN), relembra que o RN também vive um bom momento em outro
segmento industrial. “Temos um momento muito interessante da indústria de
energias renováveis, a energia solar, da energia eólica. A indústria teve uma
elevação bem expressiva e com a agricultura está incrementando a economia”,
avalia.
Esses dois setores colocam o estado em posição de
destaque na recuperação econômica do Nordeste. Entre os principais produtos
apontados na “Resenha Regional de Assessoramento Econômico”, do Banco do
Brasil, aparecem a produção da cana de açúcar com um crescimento de 29.7% na
safra de 2024, o que representa 0,5% da produção nacional.
Já o setor de serviços, que no mês de agosto voltou
a recuar no país, após dois meses consecutivos de alta, cresceu 1.4% nos
últimos doze meses no RN e 1.1% no acumulado do ano, mas ainda é o terceiro
menor desempenho do Nordeste. “Vamos entrar num período que o turismo poderá
dar uma resposta bem expressiva e é preciso que se tenha um olhar para essa
atividade e incentive as empresas, profissionalize cada vez mais”, aponta o
economista.
Resultado reflete recuperação econômica,
dizem entidades
As entidades representativas do setor produtivo
potiguar comemoraram a elevação da projeção do PIB no estado e destacaram que
reflete a recuperação econômica. Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (Fecomércio/RN), isso demonstra ainda a capacidade de adaptação da
economia potiguar. “Esse desempenho robusto foi impulsionado pelo aumento da
renda, a queda do desemprego e pelo ciclo de redução de juros, que durou de
agosto de 2023 a junho de 2024, beneficiando setores como comércio, serviços e
indústria”, ressalta o presidente da entidade, Marcelo Queiroz.
Ele aponta que o comércio varejista do estado, que
em 2023 havia caído 0,8%, registrou até setembro deste ano um crescimento de
5,3%. “Mostra uma reversão de cenário, o que evidencia a recuperação da
confiança dos consumidores e a expansão das atividades comerciais”, acrescenta
o presidente da Fecomércio.
As perspectivas da Fecomércio para 2025 também são
positivas com a projeção de crescimento do PIB do estado para 1,8%,
impulsionado principalmente pelos setores de serviços e comércio, que devem
crescer 1,7%. Apesar dessas perspectivas promissoras, a Fecomércio RN alerta
para um risco que pode comprometer esse cenário positivo: a proposta de
majoração da alíquota modal de ICMS, que está em discussão na Assembleia
Legislativa do RN. Segundo a entidade, a elevação do ICMS pode aumentar os
custos de produção e consumo, o que afetaria diretamente a competitividade do
comércio e de outros setores da economia potiguar, impactando sobretudo os consumidores.
“Por isso, a Fecomércio RN reforça a importância de
políticas fiscais prudentes e que incentivem o crescimento sustentável, sem
onerar ainda mais a sociedade. É essencial que as políticas públicas sejam
orientadas para garantir a continuidade desse crescimento, assegurando um
ambiente de negócios estável, previsível e favorável ao desenvolvimento do
estado”, diz ele.
A agropecuária também se destaca com um crescimento
projetado de 9,8%. José Álvares Vieira, presidente da Federação da Agricultura
e Pecuária do RN (Faern), diz que é fruto da combinação de fatores que criam um
ambiente propício para o crescimento da agropecuária no RN. “O setor
sucroalcooleiro tem apresentado um desempenho que merece ser destacado, com
crescimento da produção de cana de mais de 20% nesse ano. Além disso, o RN
também passou a produzir outros produtos, com a região de Touros se
consolidando como um polo de produção de frutas, batata e outros. Em termos de
novas culturas, os citros e a cebola estão ganhando importância”, aponta José
Vieira.
RN gerou 31.488 empregos formais até
setembro
No quesito empregabilidade, o Rio Grande do Norte
gerou 31.488 empregos formais até setembro. O dado marca um crescimento de 60%
em relação ao mesmo período de 2023, quando foram contabilizados 19.739 novos
postos de trabalho em todos os segmentos. “O nosso entendimento é que quanto
mais a economia gira, mais riqueza acontece e repercute na taxa de emprego”,
avalia o economista Helder Cavalcanti.
Do total, 63% das vagas foram no setor terciário. O
setor de serviços foi o que mais impulsionou a geração de empregos com um saldo
de 16.422. A indústria também teve um desempenho considerável com 4.624 postos,
mais que duplicando o resultado do ano passado e, junto com a construção civil
(5.590), figura entre os três setores que mais geraram novos postos de trabalho
de janeiro a setembro.
O estado registra a menor taxa de desemprego (9,1%)
para o 2° trimestre na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (PNAD), ficando também abaixo da taxa do Nordeste (9,4%).
Contudo, essa taxa está acima da média nacional para o período (6,9%) e é a
terceira maior dentre os estados nordestinos, junto com Sergipe, superando
apenas a Bahia (11,1%) e Pernambuco (11,5%).
PANORAMA
Resenha Regional de Assessoramento
Econômico
Maiores projeções do PIB 2024
RN
6,2%
TO 6%
PB 5,8%
AP 5,1%
PA 4,9%
DF 4,4%
Nordeste 3,3%
Brasil 3%
PIB do RN por setor (projeção para 2024)
Agropecuária 9,8%
Indústria 20,8%
Serviços 3,6%
*Fonte: BB
Taxa de desocupação Nordeste – 2º
trimestre
MA
7,3%
CE 7,5%
PI 7,6%
AL 8,1%
PB 8,6%
SE 9,1%
RN 9,1%
BA 11,1%
PE 11,5%
Nordeste 9,4%
Brasil 6,9%
*Fonte: Caged
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