Gabriela Liberato
Repórter
A ampliação da faixa de areia, por conta da engorda
de Ponta Negra, já tem beneficiado os frequentadores da orla de Natal. A
movimentação acontece 15 dias após a liberação do primeiro trecho da obra, no
último dia 21 de outubro, e tem reunido tanto famílias quanto praticantes de
esportes, como o kitesurf e o parapente.
No dia 21 de outubro, aconteceu a liberação do
primeiro quilômetro das obras da engorda, e já no fim de semana seguinte, quem
passa pela Via Costeira percebe com frequência a presença de pipas de kitesurf
e paraquedas de parapente. As atividades estão sendo mais praticadas no trecho
liberado do aterro hidráulico da praia de Ponta Negra.
O secretário à frente da pasta de Infraestrutura de
Natal, Carlson Gomes, conta que a obra da engorda está seguindo o seu fluxo
normal, e que com a ausência de intercorrências, a entrega completa acontecerá
no final do ano. O secretário ainda informou a expectativa para o réveillon na
praia da Ponta Negra, que deverá gerar emprego e renda para o local. Mas
enquanto a obra não é finalizada, as pessoas já aproveitam o trecho liberado. E
não apenas para a população local, pois a prática de atividades ao ar livre vem
sendo benéfica também para os turistas, que aproveitam os fortes ventos de Natal
para a prática de parapente.
Para o empresário Joel Godoy, de 40 anos, o gosto
pelo esporte surgiu durante uma visita a Natal anos atrás, que o motivou a
realizar cursos e seguir realizando os saltos na sua cidade natal, Sorriso, em
Mato Grosso. “Lá nós precisamos praticar o parapente com o suporte de motor,
pois praticamente não temos vento”, lembra o empresário.
Joel lembra que, em sua visita anterior a Natal, os
seus primeiros voos de parapente apresentavam resultado diferente na
aterrissagem, devido à curta faixa de areia disponível. “Lembro que nós
aterrissávamos muito próximo à água, já com receio de pousarmos no mar. Já esse
ano fui surpreendido com essas obras da engorda, pois podemos realizar os voos
com maior segurança com a faixa de areia mais extensa”, contou.
O contentamento com as obras da engorda também é
compartilhado por Vitor Amorim, de 19 anos, que pratica o parapente no litoral
de Natal há anos, e sempre considerou difícil o pouso com a faixa de areia
curta. “Dependendo da altura da maré não era seguro realizarmos o voo aqui
neste trecho da Via Costeira”, conta Vitor.
Além do resultado positivo com os voos, Vitor está
empolgado para a temporada de verão que se aproxima. O jovem também trabalha
como instrutor dos voos de parapente no verão natalense e tem altas
expectativas para a quantidade de turistas que a engorda irá atrair nos
primeiros meses de 2025. “Com a engorda, eu acredito que teremos mais
oportunidades de trabalho no ramo das práticas de atividades físicas ao ar
livre em 2025”, revela Vitor com esperança.
Quem também aproveita a faixa liberada da engorda
para a prática de atividades físicas é o educador físico Carlos Daniel, de 35
anos, que antes precisava se deslocar para praias distantes como Barra do Rio,
Pirangi e Barra do Cunhaú, e agora pode surfar suas ondas com o kitesurf a
poucos minutos da sua residência. “Antes perdia muito tempo me deslocando até
outras praias, o que acabava diminuindo a frequência com que eu praticava o
kitesurf, e agora com a maior faixa de areia, e já dentro de Natal, posso tirar
um tempinho até mesmo no meio da semana para praticar o kitesurf”, conta
Carlos.
Carlos percebe que a engorda da praia de Ponta Negra
já está sendo benéfica para o público, após o primeiro trecho ser liberado.
“Antes nós dependíamos muito da movimentação da maré, pois inúmeras vezes
éramos impedidos de realizar o kitesurf”, lembrou Carlos Daniel.
Apesar de ter iniciado a sua trajetória em outros
esportes aquáticos, o educador físico ainda explica que, para a prática do
kitesurf, é necessário um bom espaço de faixa de areia para que o equipamento
possa ser montado, o que faz o esporte precisar, além dos bons ventos e ondas,
de um espaço suficente na faixa de areia da praia.
Vendo o cenário positivo que está sendo instaurado
na capital potiguar, Carlos Daniel também aponta as melhorias que precisam
acontecer em Natal para que a capital se equipare a outras cidades, como
Fortaleza, no Ceará, e, até mesmo, São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do
Norte. “É preciso ter visão da importância da oferta desses esportes para o
público, para que sejam disponibilizados o aporte necessário para a prática.
Poder praticar o kitesurf, e outras modalidades, tão perto de casa, é muito
vantajoso para o povo natalense, e também para os turistas, pois concentra na
capital mais das atividades que eles procuram quando viajam para cá”, conclui
Carlos.
Lazer para natalenses e turistas
Para Geraldo Arruda, de 66 anos, a nova faixa de
areia vem sendo um espaço de lazer diário. Utilizando agora o trecho liberado
para caminhar junto com a sua companheira, Geraldo conta que mesmo durante o
período de obras, ele já tinha entretenimento através da prática do seu hobby:
realizar filmagens com o seu drone.
Geraldo vem frequentado o trecho da praia na Via
Costeira para assistir às obras do aterro hidráulico e fazer suas filmagens
diariamente, e por conseguir assistir até mesmo às ações da draga de tão perto,
com o seu drone, ele se mostra cada dia mais empolgado. “Vejo pessoas de todas
as idades por aqui, além dos esportes que estão sendo praticados, também se
tornou um novo espaço para que as pessoas possam realizar suas caminhadas, além
do calçadão da Via Costeira”, disse Geraldo.
A percepção do sucesso da engorda também é
compartilhada pelo funcionário público Guilherme Berto, de 29 anos. Guilherme
já costumava frequentar a praia de Ponta Negra para surfar, mas apesar de hoje
o trecho ainda não estar adequado para surfar as suas ondas, ele revela que
hoje está mais satisfeito ao frequentar a nova faixa de areia da praia, pois
agora pode levar a sua família com ele.
Com a maior comodidade que a ampla faixa de areia
agora proporciona, Guilherme leva a esposa, Nathana Berto, de 32 anos, e a sua
filha, Lívia, de 2 anos, para aproveitar a beleza natural da praia com
segurança. “Antes eu não podia trazer minha filha pois nunca sabíamos se teria
areia o suficiente para ela brincar, ou para ela ficar com minha esposa
enquanto eu surfava. Hoje posso trazer elas com a certeza de que estamos em um
espaço seguro, sem risco da água do mar invadir o espaço onde estamos”, conta
Guilherme.
Embora esteja satisfeito com o decorrer das obras do
aterro hidráulico, Guilherme alerta para o seu receio com relação à
acessibilidade do espaço. No momento, a maior parte do público está acessando a
faixa de areia liberada entre os hotéis da Via Costeira, SERHS e Ocean Palace,
pela descida de morros de areia que lá estão, e o funcionário público percebe
que o trajeto é difícil para muitas pessoas.
“Sei que ainda não é o resultado final, mas vendo a
altura e todo o trabalho que vai ser para solucionar, eu desço já me
questionando se vão levar a acessibilidade, para todos, em consideração”,
conclui Guilherme.
Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário