Encontrado em um condomínio de luxo em Sorocaba, no
interior paulista, há pouco mais de um ano, Geraldo dos Santos Filho, de 48
anos, o pastor Júnior, ergueu um patrimônio avaliado em pelo menos R$ 6 milhões
operando um esquema de lavagem dinheiro para o Primeiro Comando da Capital
(PCC) por meio de igrejas evangélicas, segundo denúncia do Ministério Público
do Rio Grande do Norte (MPRN).
Geraldo, que está preso desde então, é irmão de
Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, considerado um importante líder da facção
criminosa nas ruas até ser detido em uma blitz da Polícia Rodoviária Federal
(PRF), no sertão pernambucano, em abril de 2022. Como mostrou o Metrópoles,
Valdeci foi jurado de morte por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, em
meio ao racha histórico na cúpula do PCC.
Ambos seguem encarcerados no sistema penitenciário
federal. Naturais da pequena cidade potiguar de Jardim de Piranhas, Geraldo e
Valdeci migraram para São Paulo no início da vida adulta, onde foram batizados
na maior facção criminosa do país e enriqueceram ilegalmente. Os dois, porém,
seguiram rumos diferentes no mundo do crime, segundo afirma o promotor Augusto
Lima, do MPRN.
Geraldo adquiriu, segundo levantamento do MPRN,
cinco igrejas no Rio Grande do Norte e duas em São Paulo, por meio das quais
lavou dinheiro do PCC oriundo do tráfico de drogas.
Prisão, fuga e fé
Geraldo foi preso pela primeira vez em fevereiro de
2002, quando foi flagrado com 12 quilos de cocaína dentro do carro que dirigia
na Rodovia Castelo Branco, na região de Barueri, na Grande São Paulo.
Registros do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP)
mostram que ele foi condenado a sete anos e seis meses de prisão em regime
fechado, por tráfico de drogas. Cerca de um ano depois, quando a sentença foi
publicada, em abril de 2003, ele fugiu. Em 2005, ainda foragido, sua pena foi
aumentada para 11 anos e oito meses.
Até fevereiro de 2019, quando foi capturado pela
segunda vez, Geraldo construiu um patrimônio milionário, usando “laranjas”, e
lavando o dinheiro oriundo do tráfico de drogas adquirindo as igrejas
evangélicas. A Promotoria estima, de forma conservadora, que o pastor tenha
acumulado ao menos R$ 6,1 milhões no período.
Durante os quase 16 anos que ficou foragido, ele
usou documentos falsos para fundar a Assembleia de Deus Para as Nações, onde
era conhecido como pastor Júnior. Segundo o MPRN, ele dividia o altar da igreja
com sua companheira e cúmplice, Thaís Cristina de Araújo Soares, a pastora
Thaís.
Quando foram presos, no ano passado, ambos estavam
em uma casa de alto padrão, em Sorocaba, onde há uma das filiadas da
congregação religiosa. Geraldo segue preso e sua companheira, segundo o MPRN,
aguarda julgamento em liberdade condicional. As defesas de ambos não foram
localizadas pelo Metrópoles. O espaço segue aberto para manifestações.
Fonte: Metrópoles
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