Uma reportagem da Folha de São Paulo eliminou as
poucas dúvidas que ainda restavam sobre a fuga do presídio federal de Mossoró,
quanto a possibilidade de ter ou não havido facilitação. Segundo a matéria, que
tem como base um relatório da Polícia Federal, os investigadores que estão
analisando o caso “sugerem fortemente” a possibilidade de ocorrência dos crimes
de facilitação de fuga, além de dano qualificado.
O assunto foi destaque no Jornal das 6 desta
sexta-feira (1º). Tanto Gustavo Negreiros, quanto Breno Perucci e Renato Cunha
Lima já defendiam a tese de facilitação para a fuga de Deibson Cabral e Rogério
Mendoça.
Segundo documento ao qual a Folha teve acesso, a
polícia relata ao menos quatro indícios da tese. O primeiro se refere às barras
de metal usadas para retirar a luminária da parede da cela. Foi a partir daí
que os dois chegaram ao local da manutenção do presídio, onde estão máquinas,
tubulações e toda a fiação, conhecido como shaft.
Nas celas dos presos e na laje do telhado em cima
das celas foram encontrados os objetos de metal provavelmente usados como
ferramentas para retirar as luminárias existentes nas celas. Pelo menos um
desses metais seria compatível com vergalhões utilizados na reforma em
andamento, sugerindo que o instrumento tenha sido, na verdade, introduzido na
cela. A polícia aguarda laudo da polícia sobre isso.
Através desse duto de manutenção, os fugitivos
subiram uma escada e alcançaram o telhado da penitenciária, removeram a telha e
desceram pela parte externa do prédio até chegar ao tapume referente a uma obra
em andamento, que fica próximo à cerca.
Um segundo indício é que foi justamente nesse tapume
que os dois presos conseguiram encontrar ferramentas de corte usadas para
romper a cerca do perímetro interno. Em seguida, também romperam a cerca do
perímetro externo e fugiram.
Outro indício, na visão da investigação, é o fato de
os fugitivos terem conseguido se dirigir a um tapume na escuridão. Um poste que
deveria iluminar toda aquela área estava desligado pelo disjuntor.
Nesse ponto, há um quarto indício. Mesmo no breu, os
fugitivos foram capazes de encontrar ao menos um alicate. A polícia considera
provável que a ferramenta tenha sido deixada no local justamente para romper as
cercas.
A investigação aponta que as imagens da ação dos
fugitivos para retirar a luminária também sugerem que tenha sido um trabalho
demorado e sincronizado, supostamente perceptível mediante simples revista na
cela.
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