O deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ),
vice-presidente do PT, ainda não está plenamente convencido de que Domingos
Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio (TCE) e preso neste domingo
pela Polícia Federal, envolveu-se no assassinato da vereadora Marielle Franco,
como apontam as investigações.
“Não vou nem dizer nem que é inocente nem culpado.
Não vi ainda provas cabais. Eu conheço ele há 20 anos. Será uma surpresa
negativa [se ele estiver envolvido], porque é um negócio brutal”, afirmou o
parlamentar à Coluna do Estadão. “Eu acho que não é hora de apontar nenhum
inocente, sem que a gente tenha clareza de todas as circunstâncias.”
Quando Brazão foi citado na delação de Ronnie Lessa,
executor confesso do crime, Quaquá havia dito que não acreditava no
envolvimento do conselheiro de contas do Rio. A PF prendeu neste domingo o
conselheiro Brazão e seu irmão Chiquinho, deputado federal pelo União-RJ, além
do ex-chefe da Polícia Civil fluminense Rivaldo Barbosa. As investigações
chegaram ao nome dos três com provas coletadas a partir da delação premiada de
Ronnie Lessa.
Apesar do tom cauteloso sobre o clã Brazão, o
deputado federal é enfático ao comentar o suposto envolvimento de Rivaldo
Barbosa. Ele entende que o suposto envolvimento do delegado mostra que as
instituições do Rio estão “umbilicalmente ligadas ao crime organizado” e “abre
espaço para a PF agir no desmonte desse conluio entre o crime e o Estado”.
“Se apertar esse delegado, que foi nomeado pelo
Braga Netto, depois ministro de Bolsonaro… Eu ainda acho que tem tubarão maior
envolvido na morte de Marielle. Vamos esperar o desdobramento disso tudo”,
declarou o parlamentar. Normalmente crítico às decisões do ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Quaquá ainda avaliou que a
postura do magistrado no caso foi “absolutamente democrática”.
Chiquinho Brazão fala pela primeira vez
da prisão
O deputado federal Chiquinho Brazão defendeu-se pela
primeira vez da acusação de ser mandante do crime. Por videoconferência a
partir do presídio da Papuda em Brasília, Brazão disse que tinha um “ótimo
relacionamento” com Marielle na Câmara Municipal da capital fluminense.
Ele foi chamado de assassino por deputados do PSOL após concluir o
pronunciamento durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Interesses
“Tivemos
um ótimo relacionamento onde ela defendia áreas de seu interesse e eu também
defendia os meus”, afirmou.
Congressistas que integram a CCJ tiveram uma longa
reunião antes da sessão para tentar chegar a um acordo sobre o caso, o que não
aconteceu.
CCJ adia votação sobre prisão do
deputado Brazão
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou a
votação sobre a chancela da Câmara à prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem
partido-RJ), acusado de ser mandante do assassinato da vereadora Marielle
Franco em 2018. Um pedido de vista de deputados do Novo, do PP e do
Republicanos fez com que a análise da decisão do ministro do STF, Alexandre de
Moraes, autor da ordem de prisão, fosse abortada. Brazão acompanha a sessão
remotamente no presídio da Papuda.
Na tarde da terça, o relator do caso na CCJ, Darci
de Matos (PSD-SC), apresentou parecer favorável a manter o parlamentar detido.
A votação só ocorrerá esta semana se o presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), chamar o caso diretamente ao plenário, caso o colegiado não emita
posição até o prazo de 72 horas a partir do recebimento da notificação do
Supremo. Ele só poderá fazer isso na quinta-feira (28) quando o prazo se
encerra. Caso Lira não faça isso, a votação pode ficar para abril, por conta do
recesso de feriado de Semana Santa.
O adiamento provocou protestos de deputados de
esquerda e houve discussão.
Gleisi diz que Quaquá tem posição
isolada
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse
à CNN que o posicionamento do deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ) em
defesa de Domingos Brazão, suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da
vereadora carioca Marielle Franco, em 2018, é isolado na sigla. “A posição dele
não reflete a do partido. É uma posição isolada”, disse a dirigente petista,
também deputada federal pelo Paraná.
O parlamentar é vice-presidente nacional do PT. Após
a operação que prendeu os suspeitos de mandar matar a vereadora, Quaquá tem
dito que é preciso ter clareza antes de culpar Domingos Brazão pelo assassinato
de Marielle Franco. Ele afirma que ainda não viu provas cabais.
O posicionamento gerou revolta dentro da sigla e um
grupo do partido tem defendido que Quaquá seja afastado do posto de
vice-presidente da legenda.
Não é a primeira vez que o parlamentar petista gera polêmica. Recentemente, posou ao lado do ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Quaquá também já agrediu um parlamentar de oposição durante solenidade de promulgação da reforma tributária.
Tribuna do Norte
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