Parlamentares conservadores e da oposição articulam
uma votação rápida do projeto de lei que restringe as saídas temporárias de
detentos. Diante da tendência pela aprovação, o governo federal já estuda a
possibilidade de promover vetos à proposta. Antes disso, o próprio autor do
texto, o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), tem liderado um movimento
contrário ao fim das saidinhas com apoio de governistas.
A notícia é do R7. A proposta original buscava
aprimorar os critérios para conceder o benefício das saídas temporárias e
garantir fiscalização e monitoramento mais efetivos. O texto foi mudado na
Câmara e passou a prever o fim do benefício, contando com 311 votos favoráveis
e 98 contrários. O Senado também aprovou a restrição, mas trazendo como exceção
a possibilidade da saída temporária para a educação de presos. A permissão se
aplica somente a casos em que o detento estiver matriculado em supletivo
profissionalizante, ensino médio ou superior.
O texto voltou para a Câmara após análise dos
senadores e ainda precisa ser pautado no plenário da Casa, decisão feita pelo
presidente Arthur Lira (PP-AL) em acordo com líderes partidários. Enquanto
isso, o deputado Pedro Paulo quer a apresentação de um novo substitutivo
revertendo a tendência de fim das saidinhas.
"Desde que o tema voltou à pauta tenho
insistido para fazer um debate sem radicalismo, sem carregar ideologia,
ancorado em dados e entendendo que no Brasil não há prisão perpétua nem crime
de morte. Desta forma, a volta para a sociedade ocorrerá em algum momento e
precisamos desses instrumentos [saídas temporárias] para ressocializar",
defende Pedro Paulo ao R7.
O deputado reconhece a indignação ocasionada ao ver
presos com o benefício cometendo crimes, mas sustenta que a solução não está em
aprovar uma matéria de "punitivismo absoluto", e sim estabelecer
critérios mais eficientes de concessão e monitoramento dos presos do regime
semiaberto no país. "Podemos discutir restrição para crimes hediondos,
violentos, reduzir a quantidade de dias de saída, fazer aperto em critérios,
mas não o fim na totalidade", completa.
O viés, no entanto, não conta com aval da maioria
dos parlamentares. "Avançamos, e esperamos que, de uma vez por todas,
acabemos com essas saidinhas. Além disso, gera um prejuízo financeiro na
força da Segurança Pública na captura dos foragidos", afirma o deputado
Rodrigo Valadares (União-SE).
Para o deputado Sargento Portugal (Podemos-RJ), o
fim das saidinhas "é uma vitória para a sociedade". "Criminoso
não tem que ter regalia, tem que cumprir a sua pena trancafiado na prisão, e
pronto", reforça o deputado Coronel Telhada (PP-SP).
Já o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) lembra da
morte do sargento da Polícia Militar de Minas Gerais Roger Dias por um
presidiário que descumpria o prazo do benefício, fato que impulsionou a
celeridade nas discussões.
"Lamentavelmente, para que ele fosse aprovado,
tantas vidas dos nossos irmãos de farda foram ceifadas. Entretanto, é como diz
o velho ditado: antes tarde do que nunca", diz Gonçalves.

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