A criança e a adolescente resgatadas pela Polícia
Civil na cidade de Parnamirim,
na Grande Natal,
nesta sexta-feira (2), eram agredidas fisicamente dentro de casa e tinham
refeições diferentes daquelas que as mães comiam.
A afirmação é da delegada Ana Gadelha, da Delegacia
Especializada de Proteção da Criança e do Adolescente (DPCA/Parnamirim), que
ouviu 16 testemunhas do caso em uma semana de investigação.
As
mães da criança e da adolescente foram presas preventivamente nesta sexta-feira
(2), mas negam os crimes. Os nomes delas não foram divulgados pela Polícia
Civil como forma de proteção às vítimas.
A denúncia inicial sobre os maus-tratos, tortura e
privação de alimentos surgiu de uma cuidadora, que prestou depoimento em uma
delegacia no interior do Rio Grande do Norte - a cidade também não foi
revelada.
"As meninas passavam por privação de alimentos,
e essa cuidadora acabou passando por essa privação também", contou a
delegada Ana Gadelha.
"A comida que elas comiam era diferente da
alimentação que as mães tinham. Elas iam para escola, não levavam lanche, e
acabavam pegando lanche dos amiguinhos, do restante que sobrava deles para
poder comer".
Além da alimentação, as vítimas eram obrigadas - sob
violência psicológica - a realizar os afazeres domésticos da residência, como
limpeza da casa e dos jardins, e a coleta de lixo, segundo a delegada. Elas
foram adotadas em 2021.
A delegada explicou que, logo após a denúncia
inicial, foi solicitado um exame de corpo de delito, que constatou cicatrizes
antigas nas vítimas.
Vítimas relataram agressões à cuidadora
A delegada contou que a criança e a adolescente -
que não tiveram as idades divulgadas pela Polícia Civil - criaram um laço de
confiança com a cuidadora e passaram a relatar o que viviam dentro da casa.
"Começaram a narrar que eram agredidas
fisicamente de uma forma muito constante, que eram castigadas sempre que não
faziam algo de uma forma que as mães queriam. Sofriam muito a questão das
humilhações, dos xingamentos", explicou a delegada Ana Gadelha.
Segundo a delegada, uma das frases comumente usada
pelas mães para a criança e a adolescente era: "A gente fez um favor
de ter adotado vocês".
A delegada Ana Gadelha disse que algumas testemunhas
- que conhecem as vítimas, mas não as mães - relataram já ter escutado barulhos
de gritos e pedidos de socorro da criança e da adolescente.
De acordo com a delegada Helena de Paula, diretora
do Departamento de Proteção a Grupos em Situação de Vulnerabilidade, "as
crianças estão protegidas e abrigadas". A Polícia Civil informou que a
investigação continua.
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