Como uma pedra de granito é capaz de emitir um som
semelhante aos sinos de uma igreja, feitos de metal? E como uma parte dela
emite esse som e a outra não?
Essas são perguntas que muitas pessoas que visitam a
Pedra do Sino, localizada na Zona Rural de Currais
novos, na região Seridó do Rio Grande do Norte, se fazem. O
"mistério" da Pedra do Sino desperta a imaginação das pessoas e atrai
muitos visitantes ao local.
A rocha é dividida em dois pedaços, como se tivesse
sido partida ao meio. Ao ser batido com outra rocha ou material metálico, um
desses pedaços emite o som de sino. O outro predaço, não (veja o vídeo acima).
"É algo que chama muita atenção. Muita gente
quer ir até o local para conhecer, tem a curiosidade de ouvir o som e saber se
realmente é verdade essa história desse som de sino", contou a guia de
turismo Raianne Kely.
De acordo com a turismóloga, a justificativa mais
plausível defendida por físicos e geólogos, para o som de sino, é a forma como
a pedra está posicionada.
"A rocha está posta em cima de outra rocha, de
um lajeiro de pedra granítica. Ela tem alguns vácuos, não está completamente
assentada no solo. E é como se ela funcionasse como uma espécie de caixa
acústica. Então, a partir do momento que você bate, é como se essas ondas
sonoras se propagassem por entre os poros da rocha, ecoassem, fossem para o
chão e voltassem, tudo isso em fração de milésimos de segundos", explicou
Raianne.
Lendas sobre o descobrimento da pedra
Ninguém sabe com certeza a história da rocha, nem o
ano em que ela foi descoberta, mas há suspeita de que antigas tribos indígenas
utilizavam a pedra como meio de comunicação.
“É uma tese de arqueólogas da Fundação Seridó que
foram a Currais Novos. A tese surgiu entre 2000 e 2001”, contou Raianne Kely.
Também há quem diga que a rocha foi partida por um
raio ou até mesmo por um antigo fazendeiro, que pretendia vendê-la em outro
estado.
No entanto, de acordo com a guia de turismo, a
teoria mais popular entre os currais-novenses para a história da Pedra do Sino
é outra.
"A pedra fica em uma propriedade rural
denominada Lagoa do Santo. E a história dessa pedra se confunde com a história
do proprietário, Lulu da Areia. Quando esse proprietário faleceu, quem ficou
tomando conta dos negócios dele foi um senhor chamado João Lobo. E Lulu da
Areia, depois de morrer, veio em sonho para João Lobo e disse que, se ele fosse
naquela pedra à meia-noite e a partisse, ele encontraria uma botija de
dinheiro", contou.
"Então dessa forma João Lobo fez. Dizem que ele
foi com um marrão [martelo], bateu até conseguir partir a pedra e não encontrou
a botija. Mas ficou o mistério. Uma parte da rocha emite o som de sino e a
outra parte, que foi cortada, não emite mais esse som", completou a guia.
Com base na lenda, a população de Currais Novos
imagina que a descoberta da Pedra do Sino aconteceu por volta de 1890,
entre o final do século 19 e o início do século 20.
"O que se sabe é que essa história vem passando
de geração por geração. Algumas pessoas dizem que é uma pedra específica. Não,
é uma rocha granítica como a maioria das rochas que a gente tem aqui na região.
Contudo, existe todo um processo para que ela emita esse som", explicou
Raianne Kely.
Geoparque Seridó
A Pedra do Sino fica localizada no geossítio Lagoa
do Santo, que fica no geoparque
Seridó - um Geoparque Mundial reconhecido pela Unesco.
O acesso ao geossítio é feito por uma estrada não
pavimentada, distante cerca de 11 km ao Norte do centro de Currais Novos.
Lá, é possível observar outras geoformas, como a
Pedra das Tartarugas. Registros rupestres, sob a forma de pinturas, também são
encontrados no local.
Além do Lagoa do Santo, Currais Novos possui outros
quatro geossítios: Pico do Tororó, Morro do Cruzeiro, Mina Brejuí e Cânions dos
Apertados. Ao todo, o geoparque Seridó possui 21 geossítios.


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