s. abreu

s. abreu

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Mais uma loja fecha na Cidade Alta e aumenta sensação de decadência

 


Cláudio Oliveira
Repórter

O fechamento de mais uma loja na Cidade Alta, em Natal, está aumentando a sensação de decadência do movimento nesta que já foi uma das mais pujantes áreas comerciais da capital potiguar. A loja da rede de calçados Di Santini, na avenida Rio Branco, segue o mesmo destino de outras empresas, inclusive de grande porte, como a C&A, Marisa, Americanas e Magalu, que fecharam suas portas entre 2022 e 2023. Para os clientes que procuram o estabelecimento, restou um cartaz que orienta a se dirigirem às unidades do Alecrim e do Partage Norte Shopping.

Segundo a gerência da loja Di Santini, o retorno financeiro não estava sendo suficiente para pagar o alto aluguel do prédio, uma vez que o fluxo de clientes no Centro tem diminuído sucessivamente. Se no melhor momento havia 15 funcionários, a loja terminou com oito.

O cenário tem desmotivado aqueles que transitam pela Cidade Alta. “A gente quase não tem opções de lojas para comprar. Para onde a gente olha, tem lojas fechadas e aqui tinha tantas lojas grandes e boas da gente comprar, que agora estão fechando, boa, mas fechando”, observava a dona de casa, Yara Regina Alves, 44 anos, que disse retornar à Cidade Alta depois de muito tempo.

A constante evasão do comércio gera especulações a qualquer sinal de fechamento, como é o caso de uma das mais conhecidas, a loja Riachuelo, na rua João Pessoa, que fechou uma parte do prédio onde funciona. Os funcionários têm explicado aos clientes que os questionam que se trata de uma medida para otimizar o espaço, transferindo o serviço da área agora fechada para os andares superiores, de modo que não há redução da loja, permanecendo com o mesmo funcionamento de segunda a sábado.

O presidente da Associação Viva o Centro, Rodrigo Vasconcelos, confirma que um dos agravantes é o preço dos aluguéis dos imóveis. “As empresas que estão em imóveis grandes não conseguem se sustentar e vão diminuindo ou até fechando. A gente precisa se atentar a duas coisas, primeiro o valor dos alugueis são altos para a realidade da Cidade Alta e também faltam incentivos para o comércio”, ressalta.

No caso dos incentivos, ele defende que o Município e Estado abram o diálogo sobre a criação de um programa que beneficie as empresas e moradores que se instalarem no Centro. “O processo de recuperação depende desses incentivos, não apenas de obras. Ou vamos colocar ferramentas e as empresas não vão conseguir se sustentar. Quem sabe com incentivos, as que saíram não retornem?”, sugere o presidente do Viva o Centro.
Outro ponto é a questão da segurança pública. Os comerciantes apontam que os clientes e lojistas precisam se sentir mais seguros na região. Por isso, a implantação de uma base fixa da Guarda Municipal e da Polícia Militar é uma das reivindicações.

O empresário Delcindo Mascena, idealizador da Associação Viva o Centro, pondera que o fechamento de lojas das grandes redes acontece em todo o País, como foi o caso da Marisa, Americanas e Magalu, contudo, caber ao poder público tomar iniciativas para amenizar os prejuízos. “Isso não impede que a gestão pública comece a movimentar para que o Centro de Natal não feche”, diz.

Ele sugere que também se invista em cultura para atrair visitantes traga movimento à região. “O que traz o mundo para nos visitar é a nossa cultura, é a nossa história. Foi o que fizemos há seis, cinco anos quando eu criamos o movimento Viva o Centro Natal, com o objetivo da revitalização do centro, e provocar a gestão pública a olhar para a nossa cultura”, pontua.

A aposentada Maria da Conceição, Lourenço, de 74 anos, compara com nostalgia a situação atual do Centro da cidade. “É bem triste passar por aqui. Era uma área tão lega, foi um dos primeiros bairros da cidade e hoje parece tão abandonas”, relembra.

Parte de obra na João Pessoa espera liberação do Iphan

Elaborada para revitalizar uma das principais ruas do Cidade Alta e ajudar a alavancar o comércio, parte das obras na rua João Pessoa, aguardam liberação do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).
O empresário Delcindo Mascena diz que os meses em que a rua ficou interditada no ano passado foram difíceis para manter o comércio funcionando. “Fechou a rua João Pessoa durante cerca de seis meses e as vendas caíram cerca de 80%. Foram abrir depois que a gente provocou muito, mas não terminaram, iriam terminar a obra em janeiro”, relata.

Na altura da Praça Padre João Maria, os serviços estão na fase de estudo de solo. A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos informou que, por se tratar de uma área tombada, a Prefeitura precisa cumprir regras determinadas pelo IPHAN. “É justamente o estudo do solo para a detecção de artefatos e a viabilidade da obra sem prejudicar a praça (que é tombada). A partir disso será realizada a escavação no trecho que entre a Praça Padre João Maria e a Av. Rio Branco para a implantação das tubulações que receberão o cabeamento de energia e telefonia”, informou a pasta. Atualmente, a Rua João Pessoa, na altura da loja Riachuelo, está na fase de passagem do cabeamento subterrâneo.

O presidente da Associação Viva Centro, Rodrigo Vasconcelos diz que no próximo dia 3 de fevereiro deverá ocorrer uma licitação para a aquisição e implantação do mobiliário urbano. “A gente espera que até agosto seja concluída. O ano passado foi difícil porque teve que fechar a rua, com tapumes. Então, ainda não trouxe os benefícios prometidos”, disse ele.

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

VÍDEO - Dono de oficina que ameaçou motorista de aplicativo disse que foi roubado 4x em duas semanas

Atormentado pela insegurança, o dono de uma oficina mecânica em Parnamirim tomou uma atitude extrema. Se armou e foi para a porta do estabel...