Discussão constante entre motoristas, o preço dos
combustíveis no Rio Grande do Norte costuma ganhar uma pauta frequente: a
comparação com o valor na Paraíba, estado vizinho que costuma praticar preços
mais baixos. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de
Petróleo do Rio Grande do Norte (Sindipostos/RN), não há uma solução a curto
prazo para diminuir a diferença para o estado vizinho.
No âmbito local, para ter uma noção do comportamento
dos preços dos combustíveis nos dois estados, o AGORA RN fez um levantamento de
julho de 2023 a janeiro deste ano com base em dados da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e apenas em três ocasiões foi
mais vantajoso abastecer no RN do que no estado vizinho. Publicado de forma
semanal, a análise dos dados da ANP feita pela reportagem considerou sempre o
primeiro levantamento a ter análises feitas dentro do mesmo mês.
Na semana de 1º de outubro ao dia 7, o preço médio
de revenda do litro da gasolina aditivada no Rio Grande do Norte era de R$
5,85, contra R$ 5,96 da Paraíba. No mês seguinte, na semana do dia 5 ao dia 11
de novembro, a gasolina comum custava, em média, R$ 5,55 no RN contra R$ 5,66
na Paraíba. Já a gasolina comum, nesta semana, tinha valor médio de R$ 5,60 no
estado potiguar, contra R$ 5,83 nos postos paraibanos. Em todas as outras
semanas, a Paraíba levou vantagem. De junho a janeiro, etanol, GNV, diesel e
diesel S-10 sempre foram mais em conta no estado vizinho.
Para Maxwell Flor, presidente do Sindipostos/RN,
alguns fatores explicam a diferença de preços entre os dois estados para o
consumidor final. Como por exemplo a diferença entre as refinarias de Clara
Camarão, que pertence à 3R Petroleum, e da Petrobras, que abastece a Paraíba.
“Se a gente for comparar o preço do produto, da gasolina A – gasolina pura, sem
adição do etanol – nas refinarias, a Clara Camarão está vendendo às
distribuidoras do RN 30 centavos mais caro [o litro] do que a Petrobras vende,
por exemplo, às distribuidoras da Paraíba, de Pernambuco e do Ceará”, explicou.
“Outros fatores que podem levar a isso, a gente tem
o próprio etanol. 27% de um litro de gasolina C – gasolina que vendemos nos
postos – tem etanol. No RN, a gente só tem três usinas que produzem etanol, que
não é o mesmo vendido na bomba. O que a gente vende na bomba é o hidratado, e o
etanol que é adicionado a gasolina é o anidro, que tem que vir de outros
estados e por isso vai ter custo de logística maior, aumentando também o
preço”, acrescentou.
Outro fator apresentado pelo presidente do
Sindipostos é a logística. “A refinaria está localizada em Guamaré. Temos um
custo de deslocamento para a capital, principalmente, em média de 400 km,
porque o caminhão vai rodar 200 km vazio para pegar combustível e voltar para
distribuir aqui. Enquanto que na Paraíba o combustível chega em Cabedelo,
vizinha a João Pessoa, e já é distribuído. O custo logístico é bem mais barato.
Você vai somando esses fatores e vai chegar nessa diferença”, completou.
Uma particularidade que o RN enfrenta é o valor do
diesel, principalmente nos postos de rodovias, onde os caminhões transitam.
Segundo Flor, a logística pesa contra, já que o combustível precisa ir até
Guamaré para ser distribuído. “Terminamos nos prejudicando, porque temos custo
mais alto, mas temos que vender pelo preço, pelo menos o diesel, muito próximo
ao da Paraíba, senão o caminhoneiro vai abastecer na Paraíba, cruzar nosso
estado e só vai abastecer de novo no Ceará. Ou vice-versa. Então nós perdemos
com isso”, relatou.
Para Maxwell Flor, uma das questões que encareceu
foi a transferência da refinaria para Guamaré, que foi privatizada. “Quando nós
tínhamos a base aqui em Santos Reis [Zona Leste de Natal], a gente não tinha
essa diferença toda, as condições eram parecidas. Outro problema é que nós
agora temos uma refinaria privatizada. Como a Petrobras não faz mais a paridade
internacional de preços, tem praticado preços abaixo desse mercado. E enquanto
a refinaria não tem como fazer isso, porque está trazendo combustível de fora”,
avaliou.
Para ele, não há uma solução a curto prazo para
diminuir a diferença de preços. “Uma solução a curto prazo a gente não vai ter
não. Vejo que assim, hoje os postos daqui do estado, em sua maioria, todos eles
tem que ter um caminhão próprio para fazer essa compra. Quando a gente também
consegue comprar numa condição melhor lá fora, em outros estados, a gente tem
que buscar também. Mas querendo ou não, você tem o custo do frete, o custo do
investimento naquele caminhão. E quando a gente tinha base aqui em Santos Reis,
não tinha esse problema, não precisava, porque a logística era bem mais
simples”, finalizou.

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