O governo do Rio Grande do Norte afirmou que o
estado deverá ter serviços paralisados se precisar cumprir uma decisão
do Tribunal de Contas do Estado que estabeleceu o prazo de 25
de abril para que servidores contratados sem concurso, mas que tiveram
estabilidade garantida após a Constituição de 1988, se aposentem dentro da
previdência própria dos servidores públicos. Após o prazo, esses
trabalhadores deverão se aposentar pelo INSS.
Segundo a Secretaria Estadual de Administração (Sead),
a aplicação do Acordão 733/2023-TC poderá implicar na concessão de 3.690
aposentadorias até abril.
Em julho de 2023, o Supremo Tribunal Federal decidiu
de que servidores admitidos sem concurso público até a promulgação da
Constituição Federal de 1988 devem se vincular ao Regime Geral de Previdência
Social (RGPS) - administrado pelo INSS - e não sob as regras dos Regimes
Próprios de Previdência Social (RPPS).
Respondendo consulta de entidades sobre o assunto,
em dezembro, o TCE estabeleceu o prazo de 25 de abril para que os servidores
que já tinham direito à aposentadoria ainda entrassem no regime próprio do
estado e dos municípios. Em nota, o TCE informou que considerou prazo
estabelecido em outra decisão do Supremo.
"Isso impactará na governabilidade de pelo
menos 18 órgãos, os quais poderiam ter suas atividades interrompidas ou
prejudicadas por essa falta de servidores", informou a Sead, por meio de
nota.
Segundo a pasta, o governo não tem como repor o
quadro de pessoal, caso as aposentadorias aconteçam. Um dos motivos é o gasto
com pessoal em relação à receita corrente líquida (RCL), acima do limite
prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o que causa
proibição de concursos.
Além disso, mesmo que pudesse realizar um concurso
público, o estado aumentaria a despesa com pessoal em mais de R$ 13 milhões
mensais - valor que o estado não teria condições de incorporar no orçamento,
segundo a pasta.
"A incorporação de novas despesas com pessoal,
em um contexto de redução de receitas, faria aumentar o comprometimento desse
gasto em relação à RCL, afrontando a Lei Complementar Federal nº 178/2021, que
exige exatamente o contrário: que o ente federado tome medidas para reduzir as
despesas com pessoal", disse o governo.
Governo vai recorrer de decisão
Segundo o governo, a Procuradoria Geral do Estado
(PGE/RN), a Controladoria Geral do Estado (Control), o Instituto de Previdência
Estadual e a Sead consideraram não haver perfeita harmonia da decisão do TCE em
relação à decisão do Supremo Tribunal Federal.
"Neste sentido, o Governo orientou a PGE a
tomar as medidas necessárias no TCE para buscar adequar o entendimento da Corte
de Contas Estadual aos limites da decisão do STF e, assim, evitar dano ao
funcionamento de órgãos públicos estaduais", disse a Sead por meio de
nota.
O governo ainda informou que, "no prazo
regimental, interporá embargos de declaração infringentes para dirimir dúvidas
e eventual adequação da decisão, se for o caso, requisitando celeridade nas
respostas para evitar eventuais aposentadorias".
“A prestação do serviço público vai ficar
prejudicada caso ocorram todas essas aposentadorias até 25 de abril. A mensagem
da PGE é que os servidores procurem ter paz e calma. Na dúvida, consulte seu
sindicato, o jurídico. Se o sindicato e a entidade entender, vai o judiciário
questionar essas medidas”, disse o procurador-geral adjunto José Duarte
Santana.
“Se o Tribunal de Contas não compreender que há essa
inadequação de interpretação, vai haver um grande prejuízo para o funcionamento
do Governo do Rio Grande do Norte. Por questão de razoabilidade, esse prazo
estipulado de 25 de abril não deve prosperar”, disse o secretário da
Administração, Pedro Lopes.

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