A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal anunciou
na manhã desta terça-feira (7) que pagará cerca de R$ 1,3 milhão aos hospitais
privados que tem contrato com o município para que sejam retomadas as cirurgias
cardiológicas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O valor é referente ao chamado “extra-teto”,
que significa o pagamento de valores que superam o que foi contratado
junto aos hospitais do município. Segundo o secretário George Antunes, o
recurso será remanejado de outras para as intervenções terem início o mais
rápido possível.
"A principal medida é o retorno das cirurgias.
Nos reunimos com o prefeito e ele autorizou o pagamento do extra teto, mesmo
tirando recursos de outras áreas econômicas e retomaremos essas cirurgias.
Voltarei a falar com prestadores para tentar que retomem a partir de
amanhã", disse.
De acordo com a SMS, a medida não é permanente.
Portanto, não se sabe até quando a prefeitura conseguirá manter esse
pagamento. Para resolver a demandas das cirurgias cardíacas, a secretaria
apontou ser necessário acontecerem ações por parte dos governos estadual e
federal.
Ao Governo do Estado, a secretaria do município
cobrou a regularização do repasse da contrapartida obrigatória para manutenção
do programa Farmácia Básica, para o funcionamento das Unidades de Pronto
Atendimento (UPA) e ainda do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Este repasse, segundo a SMS, é de mais de R$ 1,1 milhão por mês e não está em
dia. O acumulado da dívida, de acordo com o município, seria de R$ 70
milhões.
Outra cobrança do secretário é sobre uma revisão da
Programação Pactuada Integrada (PPI). De acordo com ele, estaria desatualizada
e sobrecarregando o município, com um prejuízo de cerca de R$ 60 milhões.
“Natal está atendendo pacientes de outros municípios
além do que foi pactuado e é isso que queremos que seja revisto. Que o Governo
promova essa revisão, para que o volume de recursos seja compatível ao volume
de pacientes que estão vindo para o atendimento na cidade”, explicou George.
Procurada pela reportagem da InterTV Cabugi,
a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) afirmou, em nota, que os
repasses da farmácia básica estão regularizados, e que os demais repasses estão
sob discussão judicial. Em relação ao PPI, a Sesap explica que é favorável ao
processo de revisão, mas que depende da decisão dos próprios municípios que
participam do acordo e repassam seus recursos a Natal.
Ainda na nota, pela dívida de R$ 70 milhões apontada
pela SMS, a Sesap afirma que a Justiça decidiu pelo pagamento de um valor bem
menor, e que o pagamento está sendo feito parcelado. Sobre os repasses de UPA e
SAMU, explica que historicamente há um desacerto entre estados e municípios
sobre o cofinanciamento destes serviços, o que causa uma indefinição entre os
entes.
Outra cobrança por parte da SMS foi feita ao Governo
Federal. O secretário George Antunes aponta que aguarda um retorno sobre o
pedido de aumento do teto financeiro para R$ 43 milhões. De acordo com ele, o
pedido foi feito há mais de um ano, foi aprovado pelo Ministério da Saúde e
aguarda apenas uma publicação de portaria para a liberação de valores.
O Ministério da Saúde também foi procurado
pela reportagem da InterTV Cabugi para responder. Não houve
retorno até a última atualização dessa matéria.
No último dia 31, uma Ação
Civil Pública foi protocolada com o pedido para o restabelecimento imediato da
assistência cardiológica de média e alta complexidade na rede pública de saúde
do Rio Grande do Norte, que estão suspensas desde setembro.
Cerca de 71 pacientes estão internados aguardando
cateterismo, 48 deles são idosos. Outros 18 aguardam respostas enquanto estão
sendo observados em UPAs. No atual momento, existe ainda uma fila de 34
crianças e adolescentes esperando por cirurgias cardíacas, com urgência, alguns
desses pacientes, são bebês com menos de um ano de idade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário