Uma cueca. Esse foi o item que Solange Almeida,
viúva do cantor Carlos Alexandre, decidiu guardar em uma caixinha como
recordação do marido após ele morrer em um acidente de carro há 34 anos.
"Quando eu soube do acidente, foi um distúrbio
na minha cabeça. E eu tinha uma caixinha que eu colocava só moeda. Quando foi
um dia, eu disse: 'sabe de uma coisa? Tem um negócio mais valioso'. Aí peguei e
dobrei a cuequinha, botei dentro de uma caixinha e tá ali. Foi a última cueca
que ele usou em vida. Tá do jeito que ele usou, lavei não", explicou a
dona de casa de 63 anos.
Quando perguntada se pode ser comparada com a viúva
Perpétua, personagem da novela Tieta que guardava em uma caixa o pênis
embalsamado do marido morto, ela responde com uma boa gargalhada e diz:
"Apois eu sou essa, a viúva Perpétua".
Solange foi a musa inspiradora de Carlos Alexandre
para a música 'Feiticeira', um dos grandes sucessos do cantor. Essa e outras
músicas como 'Cartão Postal', 'Sertaneja' e 'A Ciganinha' levaram o potiguar a
programas como o Cassino do Chacrinha, Clube do Bolinha, Silvio Santos, Raul
Gil e muitos outros.
Sucesso meteórico
Natural de Santa Fé, que atualmente é um distrito do
município de Jundiá, na região Agreste do Rio Grande do Norte, Carlos Alexandre
teve uma carreira curta, de apenas 11 anos. No entanto, seu sucesso foi
meteórico e o potiguar rapidamente alcançou a fama em todo o Brasil.
Ao todo, o artista conquistou 15 discos de ouro e um
de platina, e teve mais de 2 milhões de discos vendidos em todo o país.
Acidente
No dia 30 de janeiro de 1989, aos 35 anos, Carlos
Alexandre sofreu um acidente de carro enquanto voltava de um show no interior
do Pernambuco. Ele dirigia seu Opala em uma rodovia estadual entre Tangará e
São José do Campestre quando saiu da estrada em uma reta.
Cinco pessoas estavam no veículo. Carlos Alexandre,
o guitarrista César e o baterista Beto morreram. O baixista Dão e irmão do
cantor, Berg, sobreviveram.
História
O nome de registro de Carlos Alexandre era Pedro
Soares Bezerra. Ele era o caçula de sete irmãos. O pai foi embora e a mãe, sem
condições financeiras, precisou deixar cada um dos filhos aos cuidados de
conhecidos.
Pedro foi entregue à dona Germina e, com menos de
dois anos de idade, foi adotado por uma família da Paraíba.
Quando ele tinha 16 anos, a família se mudou para
Natal, na Cidade da Esperança. No bairro, o menino ficou conhecido como
'Pedrinho da padaria', pois seu irmão tinha uma padaria e ele trabalhava no
local fazendo pão e atendendo os clientes no balcão. Foi nesse período que ele
começou a cantar e tocar violão com os amigos.
Amor
Pedro era namorador, mas um feitiço mudou a sua vida
quando ele conheceu Solange. A moça tinha um namorado há quatro anos. Mas
quando os olhares deles se cruzaram, ele não teve dúvidas. No entanto, foi
difícil para ele conquistá-la.
Em um certo réveillon, o namorado de Solange não
apareceu e o jovem cantor apaixonado viu a oportunidade perfeita. Os dois
começaram a namorar, casaram e tiveram três filhos: Germina, que ganhou o nome
em homenagem à avó; Carlos Alexandre Júnior e Carlos Adriano.
Solange teve muita importância na carreira do
cantor. Foi ela que mudou o nome artístico dele de 'Pedrinho da padaria' para
'Carlos Alexandre' - ela tinha um afilhado com esse nome e achava muito bonito.
Também foi Solange quem incentivou Carlos Alexandre
a subir nos palcos e se apresentar. A música 'Feiticeira', feita em sua
homenagem, fez com que a carreira do cantor desse um salto. A canção estava no
primeiro LP, lançado em 1979. O disco vendeu 250 mil cópias, um feito para a
época.
Corpo
O corpo de Carlos Alexandre está enterrado no
Cemitério do Bom Pastor. No Dia de Finados, o túmulo dele sempre é um dos mais
visitados e animados.




Nenhum comentário:
Postar um comentário