Metrópoles
O atual ministro das Comunicações, Juscelino Filho, usou recursos
da campanha eleitoral depois que o pleito já havia passado. Os postulantes ao
cargo de deputado federal – caso de Juscelino – poderiam usar o Fundo Eleitoral
até o dia 2 de outubro de 2022, quando foram escolhidos os ocupantes do
Congresso Nacional; no entanto, o ministro prestou contas de gastos feitos no
dia 25 do mesmo mês. A prática fere a legislação eleitoral, segundo o
Ministério Público (MP).
Juscelino Filho comprou adesivos, cartazes e folders
no valor de R$ 185 mil. Questionado pela área técnica do MP, o então candidato
não explicou o gasto. Esse fato e outras duas inconsistências na prestação de
contas motivaram o órgão de fiscalização a recomendar a desaprovação das contas
do deputado eleito. A Justiça Eleitoral optou pela aprovação da candidatura, e
o MP entrou com recurso, que foi aprovado em fevereiro. O processo ainda não
foi arquivado.
Para argumentar que a prática fere a legislação, o
Ministério Público cita acórdão do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão,
onde é julgada a candidatura de Juscelino. Em trecho destacado pelo órgão,
lê-se que “ausente a comprovação de que tais despesas foram contraídas até a data
do pleito, conforme determinado pela legislação em vigor, constata-se a
gravidade da referida irregularidade, tendo em vista, além de injustificado,
ser vedado aos candidatos contrair despesas após o pleito”.
Outra inconsistência na prestação de contas do
ministro é uma dívida de R$ 380 mil. O montante foi autorizado pelo partido,
mas Juscelino não apresentou cronograma de quitação nem contrato formalizando
que o valor seria pago pela sigla. “Trata-se de inconsistência grave, geradora
de potencial desaprovação, que revela a ausência de pagamento de despesas de
campanha eleitoral, sobre as quais resta comprometido o controle da Justiça
Eleitoral”, anotou a equipe técnica do Ministério Público.
O terceiro motivo que levou o MP a
pedir a desaprovação das contas seria o mau uso do Fundo Eleitoral em duas
ocasiões: na contratação de aluguel de carros com valores acima do praticado no
mercado e na contratação de táxi-aéreo em que constam passageiros que não têm
relação com a campanha do então candidato. Esta última foi uma das primeiras
denúncias a fustigar a imagem do ministro na imprensa. As despesas com as duas
companhias somam R$ 475 mil.
Aprovação
Questionada, a assessoria do ministro Juscelino
Filho afirmou que a Justiça aprovou a prestação de contas do chefe da pasta.
“Cabe esclarecer que as contas do então deputado federal Juscelino Filho foram
aprovadas pelo TRE, em 13 de dezembro de 2022”, afirmou o ministério.
A equipe do ministro, no entanto, não esclareceu os
pontos levantados pelo Ministério Público nem se manifestou sobre o recurso
interposto pelo órgão.


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