CNN Brasil
A Polícia Civil de São Paulo prendeu neste sábado
(4) José Rainha e Luciano de Lima na cidade de Mirante do Paranapanema, na
região do Pontal do Paranapanema sob a suspeita de extorsão a proprietários
rurais na região. A polícia também informou que foram apreendidas armas
supostamente usadas em conflitos agrários.
As operações ocorreram na sexta-feira (3) e neste
sábado na área do Pontal do Paranapanema. As diligências foram decorrentes de
mandados de prisões preventivas, pedidos e autorizados pela Justiça, de líderes
de movimento de invasão de terras. Segundo a polícia, os alvos dos mandados
exigiam vantagens financeiras de pelo menos seis pessoas.
Em outro inquérito foram realizadas buscas de
pessoas que seriam as responsáveis por expulsar invasores de terra e foram
apreendidos dois fuzis calibre 556, duas espingardas calibre 12 e uma calibre
357.
“As prisões preventivas têm como objetivo a
interrupção do ciclo delitivo e promoção de prevenção geral e paz no campo. É
importante ressaltar que em nada se confundem com os atos decorrentes do
Carnaval de 2023, quando um grupo invadiu nove propriedades rurais, mas sim visa
a apuração do ciclo de violência decorrentes de extorsões e dos disparos de
arma de fogo, incluindo fuzil, o que colocou em risco número indeterminado de
pessoas”, informou a polícia em comunicado.
Por meio de nota, a FNL (Frente Nacional de Luta),
confirmou a prisão de Rainha e Lima e, por meio de comunicado, afirmou que as
detenções tem “cunho político” e, ao contrário, do que disse a polícia, a
organização atribui as prisões ao que chamam de jornada de ocupações do
Carnaval Vermelho.
“Essa prisão de cunho político, tem nítida relação
com a jornada de ocupações do Carnaval Vermelho, sendo um ato de retaliação aos
lutadores do povo sem terra. A FNL ganhou força nos últimos anos ao realizar
jornadas de luta no carnaval. O objetivo do Carnaval Vermelho é trazer para a
discussão à contradição de sermos um dos países que mais produz alimentos no
mundo, porém temos mais de 125 milhões de brasileiros com alguma insegurança
alimentar, sendo 58% dos brasileiros e brasileiras, e o mais grave, são mais de
33 milhões com insegurança alimentar severa.
O comunicado diz que Rainha tem “direito de
responder à acusação que for, em liberdade, não há fundamento para uma prisão”.
“Exigimos a imediata liberdade e convocamos todos
aqueles que lutam a se solidarizar, pois não podemos tolerar que o Estado haja
de maneira arbitrária contra quem luta”, diz o comunicado da FNL.
Invasões em abril
Lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra disseram à CNN que deverão ocorrer dezenas de invasões
país afora em abril caso o governo não apresente um plano nacional de reforma
agrária que contemple um cronograma de assentamentos durante todo o governo
Lula.
Nas contas do movimento, há cerca de 100 mil
famílias acampadas no Brasil, das quais 80% são vinculadas ao MST. A maior
parte se situa na região Nordeste.
O MST também cobra que as nomeações para as
superintendências regionais do Incra, órgão responsável pelos assentamentos,
sejam aceleradas. Das 29 superintendências, apenas seis foram nomeadas pelo
atual governo.
O movimento deseja que os indicados tenham ligação
com o movimento de reforma agrária. Há uma avaliação no MST de que com a
mudança do governo Jair Bolsonaro para Lula o ambiente é mais favorável à
reforma agrária e, consequentemente, à invasões de propriedades.
Uma liderança do MST disse à CNN que
o atual governo não criminaliza lutas populares. Por outro lado, também há a
leitura de parte do movimento de que desencadear uma série de invasões pode
acabar fortalecendo a oposição ao governo e tensionando ainda mais o ambiente
político.
Por isso que a ideia é negociar de antemão uma
agenda comum com o governo e forçá-lo que ao menos se antecipe aos problemas.

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