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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Paciente ostomizado recebe doações de bolsas de colostomia e denuncia situação crítica da saúde pública do RN

 

Tribuna do Norte

Há quatro anos, Alexandre Cristian da Silva Beveluto, de 40 anos, desempregado, sente na pele as dificuldades de ser uma pessoa ostomizada no Brasil. O natalense, segundo dados do Ministério da Saúde, está entre as cerca de 400 mil pessoas que apresentam a mesma condição no país.

Contudo, há cerca de um mês, ele teve sua saúde agravada ao precisar improvisar bolsas de colostomia utilizando sacolas de supermercado. Após repercussão sobre a triste situação, Alexandre recebeu algumas doações, incluindo, uma caixa de bolsas de colostomia e uma cesta básica.

“Ainda existem pessoas de coração bom, se não, eu não sei o que seria de mim agora”, agradeceu.

Sem receber auxílio financeiro e desempregado desde 2019, quando passou a utilizar a bolsa, Alexandre confidencia não ter tido condições de ir buscar os materiais hospitalares disponibilizados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), para o mês de outubro passado.

No Rio Grande do Norte, as bolsas são entregues mensalmente por meio do Centro Especializado em Reabilitação (CER III/RN). Vítima da vulnerabilidade social e sem recursos para se locomover ao CER, Alexandre precisou improvisar com as sacolas plásticas. Essa não foi a primeira vez que precisou enfrentar o problema. Isso porque, segundo ele, o número de bolsas entregues é insuficiente. “Quando a pele está muito agredida precisa de mais bolsas”, lastimou.

Durante os momentos mais críticos da pandemia da covid-19, eram entregues 20 bolsas para abastecer por 2 meses, a fim de evitar o deslocamento e, consequente, exposição do paciente ao vírus. Atualmente, o número retornou a entrega padrão de 10 bolsas mensais para cada pessoa assistida pelo CER. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte (SESAP/RN), nunca faltaram unidades do material para os pacientes ostomizados ou descontinuidades nas entregas.

Alexandre reforça, contudo, que já tentou solicitar mais bolsas de colostomia, dada as dificuldades que passa com a atual quantidade entregue. Segundo ele, a resposta é sempre a mesma: “Eu vou lá, pergunto se pode e eles dizem que só se alguém desistir de alguma bolsa, porque o número fixo para todo mundo são 10”.

Em resposta à  reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a Sesap informou que para receber mais bolsas, o paciente passa por uma avaliação multidisciplinar.

O procedimento pode ser solicitado tanto durante o cadastro na  Unidade de Atendimento Interdisciplinar ao Estomizado do CER/RN, quanto após esse processo. Mas em nenhum momento, afirma Alexandre, lhe foram repassadas orientações sobre a possibilidade de realizar uma avaliação para receber um maior número de bolsas de colostomia. Com a falta do material, aliada a ausência de condições para buscar as unidades, os problemas aumentaram.

“A situação é muito crítica, você consegue dormir de banda. Só consigo dormir à noite”, disse.

Foi visualizando essas dificuldades que Jailson Cristiano dos Santos, amigo de Alexandre há quase nove anos, tomou a iniciativa de falar com uma emissora de TV sobre o caso.  Emocionado, ele não esconde a alegria ao contar sobre cada uma das atitudes solidárias que tem alcançado a vida do amigo, com quem também divide o mesmo teto. Ver a mobilização das pessoas diante do caso, conta, lhe transmite um misto de gratidão e felicidade.

Para Alexandre, a principal expectativa para o futuro é conseguir realizar a cirurgia para suspender o uso da bolsa de colostomia. Com o estado de saúde atual, afirma, não dá para trabalhar. Mas com veemência, afirma: “Emprego não falta pra mim. Sei ser Barman, cozinheiro, pintor”, pontuou.

Além disso, nesta quarta-feira (16), ele deve buscar as bolsas entregues pelo estado no CER. De acordo com a Sesap, o material fica disponível ao paciente mesmo após o dia oficial da entrega e pode ser solicitado por familiares, vizinhos ou quaisquer pessoas acionadas pelo paciente.

 


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