O volume acumulado de venda de diesel ao consumidor,
de janeiro a março deste ano, foi de 14,8 milhões de m³, o maior em primeiros
trimestres desde a contagem da série histórica, iniciada em 2000. O consumo
representa 2,22% de crescimento em relação ao mesmo período do ano passado. Os
dados foram registrados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP).
O levantamento mostra que, em março, houve uma queda
de 2,19% no consumo de diesel. No entanto, o trimestre foi puxado por
fevereiro, quando a demanda foi 10,19% maior do que em janeiro.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de
Combustíveis (Abicom), o aumento do consumo acompanha o período da safra
agrícola, que demanda caminhões para o transporte de mercadorias.
Para o professor de economia da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), Alberto Ajzental, é preciso aguardar para saber se o resultado
representa uma retomada ou desaceleração da economia.
“O indicador de abril vai mostrar se o país seguiu a
retomada dos setores de produção ou se novamente entrou para uma retração. O
segundo caso representaria uma série de impactos sociais e econômicos”, explica
o professor.
No Brasil, o consumo do diesel é basicamente
restrito ao transporte. Utilizado por ônibus e caminhões, o aumento da demanda
envolve ainda um segundo aspecto, considerando que 50% dos custos destas
atividades estão atrelados aos combustíveis, consequentemente, o repasse destes
gastos chegam ao brasileiro em todas as suas práticas de consumo.
“O diesel está em tudo, no colchão que a família
compra, no pé de alface que serve de alimento e, claro, no ônibus que oferece o
transporte para o trabalho. Se o produtor consumiu mais, este repasse veio em
forma de aumento do valor do produto para o consumidor”, destaca o economista
Alberto Ajzental.
Com o último reajuste aplicado pela Petrobras, de
8,8% desde a última terça-feira (10), o litro do combustível é vendido hoje, em
média, a R$ 6,85, segundo a ANP. No entanto, ele já chega a ser encontrado a R$
8,30 no Acre.
Desde janeiro, o aumento chega a 28,5%, sete vezes
mais do que a inflação acumulada do período, de 4,29%, de acordo com cálculos
de Alberto Ajzental. O economista pontua que o aumento de custos pressiona o
reajuste dos fretes, que pode chegar a 4,5% em efeito imediato.
O economista Alexandre Schwartsman alerta que a alta
dos combustíveis não deve cessar este ano.
“O preço do galão da gasolina no exterior está maior
que o Brasil tem comercializado, com uma defasagem de 20%. Se os valores não
caírem, em algum momento, a Petrobras vai ter que fazer novo reajuste. Com
isso, é bem provável que o país chegue ao fim do ano com inflação batendo o
8,5%”, destaca.
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