Familiares, amigos e colegas de trabalho do jovem
Ray Evangelista do Nascimento Otávio, de 26 anos, realizaram um protesto na
tarde desta segunda-feira (14), na Vila de Ponta Negra, na Zona Sul de Natal.
Usando roupas brancas e exibindo cartazes, eles pediam paz na comunidade. O
pai, a mãe e a irmã de Ray também cobram, um mês depois do crime, respostas
sobre a morte
do rapaz, que foi levado por policiais militares após uma ocorrência e teve o
óbito confirmado com sinais de espancamento.
O protesto passou pela Rua Rio Grande do Norte,
local em que Ray foi visto pela última vez, no dia 14 de fevereiro. A família conta
que, naquele dia, Ray teve um surto psicótico após consumo de drogas, pulando
muros de casas e assustando moradores, que chamaram a polícia.
Ele foi levado por uma viatura da PM para a Unidade
de Pronto Atendimento (UPA) de Cidade Satélite e o corpo apresentou sinais de
espancamento. De acordo com a família e amigos, Ray entrou na viatura sem
qualquer marca de agressão.
O jovem morreu no dia 15 de fevereiro, na própria
UPA. Na oportunidade, o laudo inicial do Instituto Técnico-Científico de
Perícia (Itep) entendeu a causa da morte como "agressão física".
A manifestação desta segunda-feira também contou a
Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (Renfa). Maria Leuça,
representante do movimento, lembrou o perfil da vítima: jovem, negro e morador
da periferia.
Em nota, a Polícia Civil informou que "as
circunstâncias da morte de Ray Evangelista do Nascimento Otávio estão sendo
apuradas em Inquérito Policial instaurado na 15ª Delegacia Distrital de Natal.
A investigação tramita sob sigilo, porém a instituição trabalha para esclarecer
o fato e identificar o(s) envolvido(s)".
O caso
Na época do crime, na guia de encaminhamento de
cadáver, o médico da UPA de Cidade Satélite citou que Ray deu entrada com
"Glasgow 3", que é uma escala utilizada por profissionais de saúde
para classificar o coma - o nível 3 é o mínimo numa escala que vai até o 15, e
significa que a pessoa não abre os olhos, nem fala, nem se mexe ou reage a
estímulos.
O médico da UPA ainda escreveu no documento o "provável
uso de cocaína no dia do ocorrido, evoluindo com quadro psicótico" e
que "há relatos de agressões por populares".
A causa da morte no mesmo documento aponta:
politraumatismo, rebaixamento do nível de consciência, hemorragia digestiva
alta e choque hipovolêmico.
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