A rotina dos professores nos últimos anos mudou, mas uma
nova realidade ganhou força nas salas de aulas nos tempos de pandemia.
Onde antes só cabia giz e quadro, hoje estão
apresentações on-line, produções de vídeos, avaliações acontecem no computador
e até as redes sociais têm espaço nos métodos de aprendizagem. E os professores
têm apostado no uso dessas tecnologias como parceiras do ensino.
De acordo com a professora de história, da Casa
Escola, Sabrina Pereira, a pandemia expandiu o uso de recursos digitais na
disciplina.
“Apresentações virtuais, videogames, músicas e
podcasts já faziam parte da rotina dos nossos alunos e, com o ensino remoto
foram inseridas no dia a dia escolar muitas outras plataformas”, contou.
“Nesse período, utilizamos metodologias ativas,
realizamos muitos trabalhos virtuais em grupos, assistimos a filmes, analisamos
textos, criamos mapas mentais, tudo isso a partir dessas plataformas”.
Essa é uma adaptação também feita à forma dos alunos
consumirem conteúdo hoje em dia, segundo a professora.
“Cada vez mais antenados com as tecnologias, alunos de
todas as idades demandam aulas que usem artifícios digitais para continuarem
engajados nas lições que estão sendo transmitidas e os professores precisam
estar atualizados para ministrarem aulas nesses ambientes que despertem o
interesse”.
Para Bruna Braga, mestre em Inovação em Tecnologias
Educacionais, esse é o cenário do futuro da profissão.
“Essa inserção tecnológica é algo que já vinha sendo
adotado por outras áreas no mercado de trabalho, mas a educação ainda caminhava
a passos lentos. Com o cenário da pandemia e a obrigatoriedade das aulas
remotas, não havia mais como evitar essa prática e com toda certeza, essas
ferramentas digitais vão permanecer no dia a dia na sala de aula”, analisou.
Docente do curso de Pedagogia na Estácio, Bruna é
responsável por um projeto de extensão da instituição que oferece oficinas para
professores e alunos da rede pública que tenham dificuldades com o uso de
tecnologias.
Dentre as oficinas, o projeto Capacita Edu trabalha
temas como segurança da informação nas mídias digitais, softwares online
gratuito, redes sociais e a criação de podcasts para fins educativos.
A especialista conta que muitos professores relatam
que os alunos dominam mais do que eles as novas tecnologias, mas afirma não
haver riscos quanto a isso, porque a familiaridade do aluno com as ferramentas
não substitui a expertise do profissional.
“Atualmente, o aluno é protagonista do processo de
aprendizagem e o professor um mediador, porque as crianças já nascem
familiarizadas com a internet, mas isso não quer dizer que a tecnologia vai
substituir o professor, ela vai auxiliar no processo de aprendizado e o
professor precisa estar atualizado, porque é ele que tem o olhar pedagógico e
didático para guiar esse estudante”, afirmou.
Para esse novo modelo de ensino que se desdobra
conforme caminha-se para o fim da pandemia, novos profissionais devem se esforçar
para estar atualizados.
Uma pesquisa do Instituto Crescer revelou que 48% dos
professores têm buscado adequar totalmente suas atividades para os espaços
disponíveis em ambientes virtuais mas, ao mesmo tempo, 46% dos entrevistados
não sabem avaliar se os alunos estão realmente aprendendo com as aulas online.
A professora Sabrina Pereira entende como importante
essa nova forma de atuação em sala de aula.
“As avaliações agora estão mais focadas no
desenvolvimento de habilidades do que em provas com questões específicas, por
exemplo. Estamos juntos aos alunos para entender suas necessidades, queremos
que eles desenvolvam conhecimentos e estejam preparados para encarar os
desafios da vida, colocando em prática o que é construído em sala de aula”,
defendeu.
Bruna alerta que é necessário buscar formação e estar
atento para melhorar sempre nas novas práticas de educação.
“O segredo é aliar o que já funcionava bem em sala de
aula para otimizar o trabalho virtual, adotar metodologias ativas em que o
aluno produza o conteúdo que está estudando em vez de ser mero espectador”.
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