O Rio Grande do Norte corre risco de ter uma nova
variante do coronavírus com origem local em breve. Ao longo dos últimos meses,
o Sars-CoV-2 tem passado por mutações consideradas naturais por cientistas. O
problema é que as novas cepas são mais transmissíveis e letais, ou seja, se
espalham rapidamente e causam casos mais graves de Covid-19. O gigantesco
número de novos casos diários no Brasil denota um descontrole da pandemia e
aponta que, quanto mais o vírus circula e se replica dentro de seres humanos,
maior a chance de acumular mutações e gerar novas versões.
Mundialmente, já foram detectadas quase mil variantes
do coronavírus — uma média de 60 a 100 circulam no Brasil. Há algumas
variantes/ linhagens que surgiram no País e chamam a atenção: B.1.1.29;
B.1.1.28; B.1.1.33; P.1 (derivada da B.1.1.28 e conhecida como a variante de
Manaus); e P.2 (derivada da B.1.1.28 e conhecida como a variante do Rio de
Janeiro). Mais recentemente, foi identificada a variante N9, encontrada
originalmente em São Paulo e derivada da linhagem B.1.1.33.
No fim de março, uma nova variante do coronavírus foi
identificada em Sorocaba (SP). Conforme o presidente do Instituto Butantan,
Dimas Covas, a variante é parecida com a da África do Sul, mas, como a paciente
infectada não tem histórico de viagem, não está descartada a hipótese de que
seja uma nova variante, ou seja, uma evolução das que já existem.
Além dessas, há outras duas registradas: a do Reino
Unido (B.1.1.7) e a da África do Sul (B.1.351). No Rio Grande do Norte,
atualmente, existem quatro variantes do coronavírus em circulação, segundo o
virologista, professor da UFRN e membro do comitê científico que assessora do
Governo do Estado, Josélio Araújo.
No dia 20 de fevereiro, o Rio Grande do Norte entrou
em fase de alerta quando foi identificada a circulação das variantes P.1 e P.2.
Ao Agora RN, o especialista confirmou que a frequência maior das variantes
identificadas em pacientes potiguares foi a da P.2 (47%), seguida pela P.1
(35%), B.1.1.29 (12%) e B.1.1.33 (6%). Para o professor, há chances de
surgimento de uma nova variante do coronavírus no Estado. Segundo ele, a falta
de medidas que diminuam a circulação de pessoas e o atraso na vacinação podem
gerar linhagens mais perigosas. “Com o tempo, algumas variantes serão extintas
e novas serão introduzidas”, apontou.
Josélio Araújo acredita que apenas a ampla cobertura
vacinal pode evitar o surgimento local de uma nova variante do coronavírus. No
entanto, a vacinação no Brasil segue um ritmo lento quando comparado a outros
países. Como o fornecimento de vacinas é feito pelo Governo Federal, a campanha
de imunização continua vagarosa também no RN. Até esta quinta-feira 1º, o
estado tinha 306 mil pessoas vacinadas, dentro de uma população total de 3,5
milhões.
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