O Rio Grande do Norte terá "toque
de recolher" entre 22h e 5h, conforme anunciou a governadora Fátima
Bezerra nesta sexta-feira (26). As novas medidas de combate à
propagação do novo coronavírus, incluindo a suspensão
das aulas nas redes pública e privada, estarão em decreto que será
publicado neste sábado (27) no Diário Oficial do Estado (DOE). O professor
Ricardo Valetim, coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde
(Lais) da UFRN e integrante do comitê científico de enfrentamento à pandemia da
Covid-19 no RN, afirmou em entrevista ao RN 2, da Inter TV
Cabugi, que a decisão do governo é acertada, mas que precisa da cooperação
das autoridades e da população no cumprimento destas medidas.
"Este é um dos momentos mais delicados da
pandemia no estado. Tudo que foi conseguido até agora pode ser perdido
justamente porque a população não está respeitando ou porque não está havendo
uma fiscalização e uma presença mais forte das autoridades do Estado e dos
Municípios", falou. "Nesse momento não pode haver divergência
política. Nós estamos em uma guerra. O inimigo é o Covid. O vírus precisa ser
vencido e não temos vacina para todos", completou.
Valentim destacou ainda o "papel preponderante da
família" nesta fase. "A família, nesse momento, é importante para
ajudar no controle da pandemia. A família pode ajudar convencendo os filhos, os
jovens, para evitar aglomerações".
Para emitir as recomendações para o governo, o comitê
científico analisa tanto os dados epidemiológicos - casos diários, taxa de
transmissibilidade, número de óbitos - como os dados assistenciais - ocupação
de leitos críticos para tratamento da doença. "O estado do Rio Grande do
Norte vive um momento bastante crítico. A taxa de transmissibilidade hoje é de
1,13 no estado. É uma taxa considerada alta. Para cada 100 pessoas
contaminadas, outras 113 estão sendo contaminadas", falou o professor.
"Nós estávamos alguns dias atrás com o número de
óbitos reduzindo gradualmente, mas, com essas internações que estamos vendo
agora em leitos de UTI, provavelmente na próxima semana nós já vamos observar
um aumento nesse número de óbitos. Nós podemos chegar a um número muito elevado
de óbitos, que é justamente o que não queremos neste momento", emendou.
O coordenador do Lais/UFRN reforçou que "nesse
momento, o principal dado é o dado assistencial, ou seja, a ocupação de leitos
de UTI". "Para a gente ter ideia, no meio do ano nós chegamos a 130
de pedidos por internação, 108 era a média diária. Nos últimos dois dias,
estamos com mais de 100 pedidos de internação em leitos Covid-19 no estado. É
um dado extremamente preocupante, crítico", comentou.
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