A bolsa de valores brasileira, a B3, opera em forte
queda nesta segunda-feira (22), após o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado
na noite de sexta-feira a indicação de um novo presidente-executivo para a
Petrobras e com agentes financeiros enxergando aumento relevante de risco
político no país, principalmente de ingerência governamental em estatais.
Às 10h56, o Ibovespa caía 5,23%, a 112.236 pontos,
pressionado pelo tombo nas ações da Petrobras, que têm peso de 10,27 no índice.
Veja mais cotações.
Perto do mesmo horário, as ações ordinárias (PETR3)
tinham queda de 19,08%, a R$ 21,93, e as preferenciais (PETR4) tinham baixa de
19,39%, a R$ 22,03.
Na sexta-feira, a Petrobras já tinha perdido em um
único dia R$ 28 bilhões em valor de mercado, segundo dados da Economatica.
Os papéis da Eletrobras e do Banco do Brasil também
eram negociados em forte queda, com uma desvalorização perto de 10%.
Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,64%, a
118.420 pontos, acumulando baixa de 0,84% na semana. Na parcial do mês até
sexta, o índice acumulou avanço de 2,92%. No ano, a queda estava em 0,49%.
Cenário
As atenções dos investidores se voltam para a mudança
no comando da Petrobras e temores de intervenção do governo federal na política
de preços de combustíveis e na gestão de estatais.
Na noite de sexta-feira, Bolsonaro anunciou a
indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional,
para a presidência da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, gerando
muitas críticas. Para que a troca na presidência da Petrobras seja
concretizada, a indicação ainda precisa do aval do Conselho de Administração da
Petrobras, que tem reunião prevista para esta terça-feira (23).
No sábado, Bolsonaro disse que precisa “trocar as
peças que porventura não estejam funcionando”. E que, “na semana que vem,
teremos mais”, sem dar mais detalhes. Bolsonaro também disse no sábado que vai
“meter o dedo na energia elétrica”, e que, “se a imprensa está preocupada com a
troca de ontem, na semana que vem teremos mais”, destaca a Reuters.
A decisão e Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras
repercutiu negativamente entre investidores, com vários analistas cortando a
recomendação dos papéis, bem como reduzindo preços-alvo.
A XP Investimentos, por exemplo, cortou a recomendação
para os papéis da Petrobras de “neutro” para “venda” no domingo, em relatório
sob o título “Não há mais como defender”. O preço-alvo para as ações da
Petrobras foi revisado de R$ 32 para R$ 24.
“As declarações recentes do presidente acendem um
enorme sinal amarelo – senão vermelho ao cenário político local”, afirmou o
estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, em comunicado a clientes.
Na cena doméstica, os investidores continuam de olho
também nas discussões em torno de mais gastos com auxílio emergencial para a
população vulnerável, em meio às preocupações com a saúde das contas públicas e
rompimento do teto de gastos – considerado a âncora fiscal do país neste
momento.
Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta
segunda mostrou que os analistas do mercado elevaram a estimativa de inflação
em 2021 para 3,82%, acima da meta central, que é de 3,75%. A expectativa para a
taxa Selic no fim de 2020 subiu de 3,75% para 4% ao ano. Já a projeção para a
alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 2021 foi reduzida de 3,43% para 3,29%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário