Com a operação deflagrada hoje pela PF (Polícia
Federal) e Receita Federal contra a lavagem de dinheiro do PCC
(Primeiro Comando da Capital) em dez estados brasileiros, chegou a marca
de 50 toneladas de cocaína e a R$ 1 bilhão em bens de lideranças apreendidos
desde o início da investigação, em 2017.
Apesar de ter perdido bens de valor e as toneladas de
cocaína, que são a principal arma de lucro do PCC, a facção criminosa continuou
crescendo nos últimos anos. Para o delegado Elvis Secco, coordenador nacional
da PF de repressão a drogas, armas e facções criminosas, a alta apreensão “nem
arranha o PCC”, mas representa um começo.
“O tráfico de drogas não pode mais ser encarado como
uma mera apreensão de caminhoneiro com droga. A cocaína vale milhões. Por isso,
é importante fortalecer a descapitalização patrimonial da lavagem de dinheiro,
prisão de lideranças da facção. São mais de 50 toneladas de cocaína apreendidas
em portos do Brasil, Europa e África e, mesmo assim, a facção cresceu”, afirmou
o delegado.
Ainda de acordo com Secco, “não adianta divulgar
prejuízo para o tráfico apenas com drogas, mas, sim, com lavagem de dinheiro e prisão
de lideranças. Essa apreensão nem riscou a estrutura do PCC. Hoje nós
arrebentamos com a estrutura deles. Atingimos dentro e fora do país.
Compartilhando informações de alto nível, com parceiros na Europa, África e
EUA”.
A contabilidade da PF chegou até as 50 toneladas de
cocaína apreendida com os 200 quilos da droga apreendidos no porto de Paranaguá
na operação de hoje, na casa de um dos principais alvos.
Além da cocaína, também foram apreendidos 11 milhões
de euros no porta-malas de uma van que estava estacionada em Lisboa, capital de
Portugal. “Ou seja, há possibilidade de acharmos outros bunkers. É tanto
dinheiro que eles guardavam em uma van”, disse Secco.
7 grupos em 5 estados, Rio Grande do Norte
é um deles
O delegado Sérgio Luís Stinglin de Oliveira, chefe do
GISE (Grupos Especiais de Investigações Sensíveis) da PF, revelou que a
investigação detectou sete grupos utilizados pelo PCC subdivididos em cinco
estados do país que tinham como finalidade a logística do tráfico internacional
de drogas.
Para chegar a essa conclusão, é necessário voltar para
setembro de 2017. Lá, houve uma apreensão de cocaína no porto de Paranaguá. Em
decorrência dessa apreensão, em março de 2018 houve início de interceptações
telefônicas, quebras de sigilo, entre outras medidas de apuração com
autorizações judiciais.
“Conseguimos identificar o principal alvo que é um
brasileiro que vive na Europa há muito tempo e possui um patrimônio gigantesco.
A partir dele, conseguimos identificar sete grupos no Brasil”, afirmou o delegado
chefe do GISE.
Desses grupos, dois faziam a logística na colocação de
cocaína no porto de Paranaguá. O terceiro formava a logística principal em São
Paulo. O quarto, a logística do transporte aéreo em São José do Rio Preto (SP).
O quinto, em Natal, enviava cocaína para a Europa em
barcos de pesca. O sexto, também a partir do Rio Grande do Norte, remessava
drogas por meio de exportações de frutas. O sétimo era subdividido em grupos
menores no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
37 aeronaves
Ao todo, a Justiça Federal do Paraná expediu 151
mandados de busca e apreensão e 66 mandados de prisão na operação de hoje.
Alguns deles fora do país. Por isso, foi acionada a divisão vermelha por meio
da Interpol. Um balanço final sobre os itens apreendidos deve ser divulgado até
amanhã.
Segundo a PF, diversos veículos foram apreendidos.
“Foi determinada a apreensão de 37 aeronaves, dentre elas, uma avaliada em US$
20 milhões. Hoje foram apreendidas diversas armas de fogo, inclusive armas
longas”, resumiu Oliveira.
Até a manhã de hoje, a PF contabilizava R$ 400 milhões
em bens apreendidos só hoje. De acordo com a polícia, o esquema utilizado pelos
criminosos consistia na lavagem de bens e ativos multimilionários no Brasil e
no exterior com uso de vários laranjas e empresas fictícias, a fim de dar
aparência lícita ao lucro do tráfico.
Fabiano Blonski, superintendente-adjunto da 9ª Região
da Receita Federal, afirmou que a organização se ocupava de toda a logística do
tráfico internacional de drogas, desde a entrada no Brasil, a manutenção em
território brasileiro e a exportação.
“Graças ao imenso banco de dados que temos, a gente
teve a possibilidade de realizar diversos alvos. Ocorreram outras apreensões
aparentemente isoladas, mas ao investigar melhor foi possível identificar
ligação. A cooperação entre as instituições é o que faz o estado brasileiro
mais forte, para combater o crime organizado e grandes organizações como essa”,
disse.

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