Os produtores da região da Chapada do Apodi estão
apostando cada vez mais na produção de uvas - principalmente nas variedades de
mesa, que são para consumo "in natura". Os primeiros investimentos
têm dado certo e já existem novos agricultores interessados em entrar na
atividade. Até linhas de crédito específicas foram criadas.
Passado o período chuvoso na região do semiárido, o
trabalho no parreiral instalado no sítio Cruzeiro do Sul, em Apodi, segue
firme. Esse é o momento da poda de produção, uma etapa importante para a
próxima safra. A área está sendo preparada para produzir uvas de mesa das
variedades Núbia e Vitória.
Segundo os produtores, o clima da região facilita a
produção. A chuva tão esperada pelo sertanejo, e que chegou com mais
intensidade em 2020, acabou atrapalhando um pouco o setor.
"A uva não se dá com muita chuva. Quem planta de
irrigação sabe muito disso. Principalmente a uva porque a fruta é muito exposta
e quando chove muito em cima dela, a tendência de praga aumenta muito. E se
chover na florada, aborta quase toda. Ela chega a abortar 80% dos frutos",
conta o produtor Márcio Brilhante.
Márcio foi pioneiro na produção de uvas em Apodi.
Passados os dois primeiros anos do cultivo, se prepara agora para a quarta
safra. O segundo semestre do ano é o mais esperado.
"Quem produz uva aposta muito no segundo
semestre. Eles passaram o período de inverno cuidando da planta, dando uma
zelada para, quando entrar no segundo semestre, a planta estar com um vigor
bom, uma planta boa para produzir bem melhor e cobrir os resultados de perda
que deu no inverno", diz.
Em duas safras e meia, os parreiras produziram 33 toneladas de uva de mesa em dois hectares. Ainda é pouco, diante do potencial. Um hectare chega a produzir, em média, 60 toneladas no caso da uva Núbia e 50 toneladas com a uva Vitória. O principal desafio ainda é encontrar mão-de-obra especializada na região.
"A gente chama algumas pessoas, faz um
treinamento, vê quem tem mais habilidade para a produção. Meus funcionários já
estão atingindo um nível muito bom", conta.
"Márcio foi pioneiro e passou por mais dificuldades.
Nós estamos com uma região nova e passando essas dificuldades, mas vamos
atingir nossos objetivos", considera Django Dantas, consultor agrícola.
Aos poucos, outros produtores também começam a se
interessar pelo cultivo da uva em Apodi. Um novo parreiral tem um ano e meio e
as primeiras uvas do tipo Vitória devem ser colhidas já no mês de outubro.
O alto potencial da região também atraiu a atenção dos
investidores. O Banco do Nordeste em Apodi abriu uma linha de crédito
específica para os interessados na produção de uva.
"Por se tratar de uma atividade nova, foram
feitos estudos por técnicos do banco. Com isso, foi possível formatar um
orçamento para a realidade de Apodi, da chapada. Com a liberação, são linhas
que vão desde a implantação de crédito até a manutenção dessa cultura. A gente
tem o investimento e a linha de crédito que é o custeio", conta Marinho
Júnior, gerente de negócios da agência em Apodi.
Segundo o gerente do BNB, a linha de crédito
disponibiliza uma quantia de R$ 94 mil reais por hectare para os produtores com
carência de três anos.
As uvas produzidas na chapada são comercializadas em
vários municípios da região Oeste. A fruta local tem uma grande vantagem na
comparação com as que vêm de fora: elas duram mais nas prateleiras. E a produção
cada vez maior já mudou os hábitos de consumo na cidade. A ideia é tornar a
chapada do Apodi um polo na produção de uva na região.
"Criou-se um mercado muito importante que é o
mercado consumidor regional. Os consumidores têm que valorizar o produto local,
para fazer gira uma economia primeiramente local na sua cidade. Essa produção
de uva vai trazer mais uma oportunidade. É uma atividade que emprega muita mão
de obra. Por isso é importante o crédito estar próximo, e a pesquisa
também", considera Franco Mário Ramos, gestor do projeto fruticultura do
Sebrae.

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